17/03/2022 às 15h40min - Atualizada em 17/03/2022 às 15h40min

Bombinhas, Santa Catarina

Fevereiro 2015

Ralf Matavelli - Arquiteto e Urbanista
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B
   Foi justamente em um mês de fevereiro, Carnaval, a primeira vez que fui para esta praia que ficou marcada não somente na minha vida, mas na de toda minha família. Eu acabara de entrar para a faculdade de Arquitetura, e descansar era preciso depois de um ano estressante de cursinho e vestibulares. Fátima, desde sempre amiga, nos convidou e nos recebeu na pequena casa, que ficava neste “vilarejo” do qual nunca tínhamos ouvido falar, chamado Bombinhas. Acostumados com as praias urbanas do litoral de São Paulo, como Guarujá e Ubatuba, onde passávamos as férias de verão e também muitas de inverno, não tínhamos noção do que era uma praia não urbana, paradisíaca.
   Naquela época, chegar ao sul era aventura de um dia inteiro na estrada, e a partir de Portobello, onde se entra na península que se localiza Bombinhas, a estrada passava a ser de terra, o que atrasava ainda mais a chegada. Ao cruzar o morro de Bombas e avistar a enseada de Bombinhas, com seu mar azul cristalino, todo o cansaço da viagem era compensado.
   O Carnaval em si resumiu-se às noites no único bar existente na areia da praia, e posso garantir que foi um dos melhores da minha vida. Tudo era “tão pé na areia” que íamos descalços pular Carnaval na praia, junto com os “hermanos” argentinos, que desde aquela época chegavam para as férias de verão e já eram maioria na cidade.
   Mas aquele litoral tinha muito mais a oferecer. Mergulhos, passeios de barco, histórias de piratas e naufrágios. As praias ao redor, como Quatro Ilhas e Mariscal, nos “fisgaram” para sempre.
  
   Hoje, muitos anos se passaram e nesses anos voltamos várias vezes, acompanhando de maneira indireta o “progresso” da cidade e das coisas. Para chegar em Bombinhas, hoje, por exemplo, pode-se sair de Viracopos, Campinas, e chegar a Navegantes ou Florianópolis em apenas uma hora. De qualquer um destes dois destinos e mais outra hora de carro, em estrada asfaltada, chega-se a Bombinhas.
   O mar continua azul cristalino, o idioma predominante no verão ainda é o espanhol, e a cidade, apesar de ser o menor município de Santa Catarina, com 34,5 km2, cresceu mais do que deveria.
  A Fátima também ampliou a casa para receber a família, que aumentou. As pequenas casas de madeira típicas da região deram lugar a pousadas de charme incríveis, que se espalharam pela cidade. O progresso não tirou o charme da pequena cidade, que hoje tem também boas lojas e bons restaurantes. A praia, uma pequena faixa de areia frente ao mar calmo, na alta temporada ficou um pouco cheia demais para mim. Resta ainda ir caminhado para as praias ao lado, Quatro Ilhas, Mariscal, ou a antes quase inacessível Tainha, que se mantêm quase intactas. Ali o tempo parece não ter passado, e posso andar descalço livremente, descansar a mente e recarregar as energias.
 
 


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