03/03/2022 às 15h08min - Atualizada em 03/03/2022 às 15h08min

Parque Nacional Cavernas do Peruaçu

Maio 2016

Ralf Matavelli - Arquiteto e Urbanista
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O Parque Nacional do Peruaçu foi criado para proteger o patrimônio geológico e arqueológico da região situada ao longo da margem esquerda do Rio São Francisco, entre Januária e Itacarambi, no norte de Minas Gerais. Oficializado como Parque Nacional em setembro de 1999, por decreto Federal, tem área de 56.800 hectares e possui mais de 140 cavernas e 80 sítios arqueológicos.
Pertencente ao complexo geológico denominado Mar de Bambuí, a região apresenta afloramentos de rocha calcária e formação de cavernas que registram a presença do homem há 11 mil anos, através dos inúmeros desenhos rupestres ali encontrados.
 
As nascentes do Rio Peruaçu, afluente do Rio São Francisco, fazem parte do Chapadão das Gerais, área localizada nessa reserva e caracterizada por imensos buritizais tão relatados por Guimarães Rosa em seus livros. Esse pequeno rio atravessa a região calcária e, ao longo de milhões de anos, esculpiu um complexo de cavernas de grandes dimensões.
A descida é muito difícil e íngreme, mas o que se descortina lá embaixo compensa o sacrifício: com 80 metros de altura, a entrada da caverna revela já seu esplendor. A dimensão é tamanha, torna-se impalpável. É iluminada divinamente pela luz do sol que entra em fachos pelas claraboias naturais, se espelhando no pequeno leito do rio que ali corre, reverberando e cintilando nas paredes e imensas estalactites.
 
Mais à frente, o rio entra pela caverna numa área onde não houve desmoronamentos; corre então dentro da mais completa escuridão até jorrar à luz, já perto de seu encontro com o grande Rio São Francisco.
 
O parque é fechado para visitação pública. Para se ter acesso é necessário autorização do Ibama local, que restringe bastante a quantidade de visitantes, dando prioridade para pesquisadores.
 
A cidade mais próxima do parque é Itacarambi, mas a melhor infraestrutura para hospedagem é Januária. As opções são modestas, mas a cidade é encantadora, com seu casario de platibandas rebuscadas, praças e ruas que são testemunho da grandeza e importância na primeira metade do séc. XX, em que o rio era soberano na economia da cidade.
 
Ver o pôr do sol nas praias de areia fina do Rio São Francisco revigora o corpo cansado da aventura do dia, que já se tornara tão inesquecível.
A lua nasce do outro lado, cheia e imponente, ouve-se um cri-cri de grilos e nem se ouve o rio, que corre sereno e silencioso através da noite iluminada.
 
 


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