10/02/2022 às 15h52min - Atualizada em 10/02/2022 às 15h52min
Tiradentes
Agosto 2015
Ralf Matavelli - Arquiteto e Urbanista
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A grande quantidade de ouro de superfície que atraía cada vez mais mineradores foi a responsável pelo rápido desenvolvimento do arraial, que elevado à categoria de Vila de São João del-Rei, em 1718, ganha formação urbana e arquitetônica que permanecem até os dias atuais.
Somente em 1889 o governo republicano decide mudar o nome da antiga Vila para Tiradentes, em homenagem ao filho ilustre nascido em 1746 na vizinha fazenda do Pombal.
A cidade, tombada em 1938 pelo IPHAN, juntamente com o entorno paisagístico, Serra de São José, se mantém como um dos mais significativos e bem preservados conjuntos arquitetônicos tipicamente coloniais do país.
Verdadeiras “joias raras” da arquitetura brasileira, como a Igreja Matriz de Santo Antônio, e o Chafariz de São José, se mantêm admiráveis durante todos estes anos.
A Igreja de Santo Antônio é, certamente, uma das mais bonitas do Brasil. Rico exemplar do barroco brasileiro, possui altar com grande quantidade de ouro, e as esculturas da fachada, de Aleijadinho, são datadas de 1810. Destaque para as pinturas em estilo rococó e o órgão português do séc. XVIII, que encontra-se em perfeito estado.
O Chafariz, considerado o mais belo de Minas, foi construído em 1749. Com fachada barroca, servia de abastecimento para a Vila (bicas frontais), para a lavagem de roupas, (lateral direita) e bebedouro de cavalos (lateral esquerda). Era elemento fundamental no cotidiano social da antiga Vila.
A Tiradentes atual mantém a sofisticação e ao mesmo tempo a simplicidade características de sua história, e apesar de pequena tem inúmeras opções de bons hotéis. O elegante Solar da Ponte, que continua meu hotel de desejo, fica discretamente ao lado da ponte que dá acesso à parte central da cidade. Para quem viaja com crianças, o novo Santíssimo Resort é ótima opção. A simples, mas graciosa Pousada da Bia, sempre me “salva” quando chego sem reservas, e o café da manhã no jardim é uma delícia!
Entre as boas dicas para restaurantes, o imperdível Tragaluz continua a surpreender. Um risoto de galinha de angola com aspargos é escolha certeira. O Pacco & Bacco tem cozinha contemporânea e ambiente moderno dentro de uma casa histórica. Reservas, para ambos, são necessárias.
Não longe do centro, o bairro do Bichinho é referência no artesanato nacional. Através da Oficina de Agosto e da tendência artesanal da região, o nome e as peças deste vilarejo se espalharam pelo Brasil. Várias lojas vendem os típicos móveis e objetos mineiros da região, os preços são bons e, garimpando, pode-se achar coisa bacana, muitas vezes autorais. Mas se quiser mesmo ver como tudo é feito, o lugar é Prados.
Andar pelas irregulares ruas de pedras iluminadas por antigos postes, onde o casario se apoia torto, é um prazer predileto.
Em Tiradentes tenho a sensação que o tempo não passou, e vai continuar estático. Daqui a 300, 500 anos a cidade ainda será assim, colonial, e continuará repleta de histórias!
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