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24/02/2022 às 15h11min - Atualizada em 24/02/2022 às 15h11min

Marrocos - Marrakesch

Junho 2014

Ralf Matavelli - Arquiteto e Urbanista
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Com esta onda de calor que atingiu Poços e todo o Brasil no último mês, lembrei de que calor maior que este, só para lá, e lá em Marrakesch...
Chega-se ao Marrocos por avião ou cruzando o Estreito de Gibraltar por navio. A escolha da segunda opção foi muito interessante, pois pude ver de perto como (não) são tratados os africanos nas fronteiras europeias. O desrespeito é constrangedor. De Algeciras, Espanha, até Tanger, são duas horas de navio, onde já se faz a imigração. De Tanger a Marrakesch, uma “road trip”.
 
Marrakesch fica ao norte do Marrocos, encostada à cordilheira “High Atlas”, onde vários pequenos vilarejos se misturam a paisagens deslumbrantes; é também porta de acesso ao deserto do Sahara.
A cidade vermelha, como é conhecida devido às suas muralhas, é a mais importante das quatros cidades imperiais. Fez, Meknès e Rabat completam a lista. A principal praça da cidade, Jemaa el-fna, é a mais movimentada em toda África e foi considerada em 2001 como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade. Nesta praça estão os encantadores de cobras, com suas flautas e Najas que impressionam e assustam. Também várias lojas com produtos típicos marroquinos. Tecidos, luminárias, louças, antiguidades e tudo o que for comerciável é vendido nesta praça, que se ramifica e adentra a Medina - cidade antiga envolta por muralhas.
Nela, o verdadeiro Marrocos se descortina, através de sua gente, sempre na porta das casas das ruas estreitas e labirínticas. Cada qual com sua vida e seu comércio, mas todos ali na rua, dentro das muralhas vivendo como se estivessem em plena Idade Média, com alguns indícios de séc. XXI.
 
O calor excessivo do mês de agosto, termômetros marcando 44 graus com sensação térmica de mais de 50, deixa a impressão de que tudo pode derreter, até a máquina fotográfica. Junta- se o Ramadan, mês sagrado dos mulçumanos, onde todos jejuam durante o dia, não podendo comer nem beber nada desde o nascer do sol até que ele se ponha. Momento em que todos os nossos guias “desapareciam” ao escutarem os sons (Chamados) das Sinagogas anunciando o fim do dia. Enfim, podiam comer e nada os segurava nesta hora. Os guias são essenciais nas medinas labirínticas.
As bebidas alcoólicas são também proibidas durante o Ramadan. Todas estas restrições fazem parte do ritual de purificação espiritual que os muçulmanos buscam alcançar. Um vinho ou cerveja gelada no calor escaldante, somente nos “Riads”.
 
Ficar hospedado em um “Riad” dentro das Medinas é como encontrar um oásis no deserto. Estas antigas e imensas casas se tornaram hotéis super charmosos, com decorações incríveis ao estilo marroquino, sempre prontas para receber hóspedes do mundo todo que procuram explorar esta cidade ímpar. Existem inúmeros “Riads” espalhados por toda a medina e os funcionários são atenciosos e normalmente falam mais de três línguas, geralmente o árabe marroquino, francês e inglês.
 
O Marrocos deixa saudades, valeu a experiência, porém retornar somente em uma época com temperaturas mais amenas, onde os passeios ao “High Atlas” sejam possíveis.



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