c Que comece a maratona... Neste terceiro dia no Qatar, nossa programação oficial era de dois jogos. E seria assim até sexta-feira. Começava aqui a nossa “maratona” por Doha. Primeiro Holanda X Qatar e depois Iran X USA.
Da janela do nosso quarto avistávamos os camelos que descansavam no pátio. Prenúncio que neste dia seria o dia “mais árabe” de todos. Afinal, iríamos no estádio Al Bayt (aquele da tenda beduína no deserto) e ainda por cima iríamos ver a seleção local, às 18h, e mais tarde, os iranianos versus os norte-americanos. Definitivamente o dia prometia. Eu era o responsável por levar as “trocas de roupa” na mochila, afinal, para cada jogo, uma roupa diferente rsrsrs.
Turistando no Katara Diferente do dia anterior, neste dia rumamos para o norte. Sem tomar café, já pegamos o metrô e paramos na estação Katara, o objetivo era visitar o bairro Katara Cultural Village.
Descemos e demos de cara com a Galeries Lafayette, famosa loja de departamentos que tem sua matriz em Paris. Uma passada na gigante loja só para ver os produtos expostos e logo fomos para o famoso calçadão de pedras portuguesas resinadas. De um lado, a galeria, de outro, charmosos cafés e restaurantes fazem a alegria dos locais e turistas. Enormes esculturas de cristal Murano dão um charme no local, de fazer inveja aos nossos “Segusos”.
Detalhe: neste grande calçadão, enormes grelhas que parecem ser de escoamento de água de chuva (como se chovesse muito lá, né?), mas na verdade são poderosas saídas de ar-condicionado ao ar livre, sensacional!
Bem na frente uma enorme avenida, toda enfeitada com as bandeiras de todos os 32 países da Copa do Mundo, que fazem a alegria dos influenciadores digitais.
O Katara Cultural Village é um grande complexo de cultura e entretenimento do povo catari, diversos artistas de rua mostram ali a sua arte. Uma mesquita nos chamou a atenção, a Mesquita Dourada, toda revestida com pastilhas banhadas a ouro. Tiramos nossos tênis e entramos para conhecer o local.
Naquele bairro também é a sede da Orquestra Filarmônica do Qatar, e ao lado um belíssimo anfiteatro de mármore a céu aberto. Assistir um show à noite, deve ser realmente maravilhoso.
Bem ao lado da Mesquita Dourada, duas enormes torres de barro furadas com estacas de madeira. Estas torres servem para a morada de pombos, onde eles entram e fazem seus ninhos; todos os dias as fezes são recolhidas e usadas como adubo natural em plantações, já que o solo do Qatar é muito pobre e improdutivo - para a agricultura, né? Já que para o gás natural e petróleo, é muito fértil.
Enfim, existe uma dezena de opções culturais no local, lógico que pelo pouco tempo não visitamos todas. Seguindo em frente, uma pequena faixa de areia contempla uma praia para passeios de barco, barracas tradicionais nômades, onde se vende de tudo um pouco.
Uma parada para almoço no restaurante italiano Le Vesuvio. Uma pizza calabresa e um ossobuco com um risoto de açafrão foram o nosso café/almoço daquela manhã. Faltou um vinho para acompanhar. Fomos de água mesmo.
Sheiks olecraM, ogirdoR, ovatsuG...
Dali já partimos para nosso primeiro jogo do dia. Fomos de metrô para a estação Lusail, a nova cidade do Qatar, e ali mesmo colocamos a nossa vestimenta - aquele vestidão árabe branco - e embarcamos num das centenas de ônibus que nos levariam bem ao norte, na entrada do deserto, ao Estádio Al Bayt. Ali também foi o primeiro contato visual que tivemos do Lusail Stadium, o palco da final da Copa do Mundo e do jogo que veríamos na sexta-feira, entre Brasil x Camarões.
Após 30 minutos no confortável ônibus chegamos ao Al Bayt. Gigantesco e muito bem iluminado, é realmente uma tenda árabe. Que ideia genial! Peço ajuda a um local que, gentilmente, ajeita com todo cuidado em minha cabeça o tradicional lenço com aquela corda, no meu caso com a bandeira do Brasil estampada.
Era comum ver por toda cidade os catares ajeitando estes panos na cabeça de torcedores do mundo todo, e eles faziam isto com extremo orgulho. A nossa vestimenta trazia na parte da frente o logo da CBF e a bandeira do Qatar (para fazer uma média), e na parte de trás o nosso nome em português escrito de trás para frente, como eles escrevem, e o nosso nome em árabe (e estavam corretos, pois eles nos chamavam pelo nome!). Modéstia à parte, fizemos o maior sucesso, fotos e mais fotos na digital dos qatares.
Nossas cadeiras eram muito bem localizadas, bem perto do gramado, e com toda a minha habilidade de comunicação com os torcedores, já que estava muito bem fantasiado, desci mais alguns degraus para fui filmar e fotografar... e lá permaneci. Com a visão privilegiada, presenciei toda a abertura e o jogo todo, sensacional.
Ao final, a Holanda venceu por 2 x 0. Saímos faltando uns 10 minutos para o final, pois nosso próximo jogo era do outro lado do Qatar.
A guerra de torcidas... Já no caminho de volta, trocamos as nossas roupas e fomos de ônibus para o metrô Lusail, de lá para estação Mscheireb e de lá outro metrô para o sul, para o belíssimo Al Thumama Stadium, aquele em formato do gorro branco furadinho. Nosso segundo jogo do dia nos aguardava, Iran X USA.
Como havia previsto, foi uma guerra de torcidas. Quando os americanos atacavam, torcedores gritando, os iranianos tocavam as cornetas, um barulho ensurdecedor.
Ao final do jogo, 1 x 0 para os americanos. Depois, 42 mil torcedores naquele longo caminho de volta para suas casas e hotéis.
Este foi o nosso terceiro dia. Curtiu? Na segunda, 19, falarei sobre nosso quarto dia no Qatar.