04/10/2022 às 16h02min - Atualizada em 04/10/2022 às 16h02min

Portugal, terra de muitas histórias

Crônicas de viagem do livro "Lurdinha Camillo - Pelo Mundo"
FOTOS: Brand-News
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  Da janelinha do imenso 767 da Varig, vi os belos telhados rosa-avermelhados de Lisboa. Do aeroporto, um táxi nos levou para o elegante Avenida Palace Hotel, onde éramos convidados. Acomo­damos as malas, tomamos um farto café e saímos para flanar sob um frio de 7ºC.
  Andar por Lisboa é um interminável subir e descer ladeiras, com o “eléctrico” trafegando pelas estreitas ruelas. Católicos fervorosos, igrejas cheias de história em cada quarteirão.
 
  Torre de Belém, o símbolo de Lisboa, vale uma visita. Logo adiante, chega-se ao Mosteiro dos Jerónimos, através de um túnel sob a avenida. Turistas mil por ali, absur­damente encantados com a imponência do lugar. Luís de Camões e Vasco da Gama jazem ali em túmulos imponentes.
 
  Uns tantos passos e nos deparamos com a Oficina do Segredo, datada de 1837, tradicional por conta de seus famosos Pastéis de Belém. Fomos conferir a história e os pastéis, que não são mais que empadinhas recheadas com creme de baunilha e muita canela. O que não faz uma boa propaganda, hein?
  Sobre a gastronomia local, como resistir às bacalhoadas, regadas a muito azeite? E o vinho da casa que, invaria­velmente, acompanha o prato, e que os mais exigentes enólogos de plantão torceriam o nariz? É sempre bem-vindo às mesas.
 
  No Cais do Sodré pegamos o comboio, como é chamado o trem, que foi nosso meio de transporte no país, porque Odair é chegadinho num trem.
 

 
  Uma esticada a Cascais (foto), com suas casas coloridas, ruelas estreitas e um movimento intenso de turistas pelas lojas de souvenir e bares. Da última vez que lá estivemos, não havia o moderníssimo shopping, que tirou toda a singeleza do lugar, mas que os moradores devem apreciar.
  Pelo movimentado calçadão que liga Cascais a Estoril, chegamos rapidinho ao cassino, rodeado por um bem cuidado jardim. Dentro, o luxo característico das casas de jogos, porém com pitadas de breguice, marca registrada da maioria. Arrisquei alguns euros, ganhei outros tantos e parei, porque não sou boba nem nada!
    
  De Lisboa, embarcamos para Coimbra, e nos surpreendemos pelos tantos jovens estudantes que dão vida à cidade. Conhecida por sua famosa universidade, Coimbra é hoje um polo, onde o ensino é considerado um dos mais importantes da Europa.
  Um passeio imperdível, a histórica Quinta das Lágrimas, hoje um elegante hotel que guarda em suas fontes a história de Inês de Castro e o triste destino que envolveu a linda e jovem dama.
 
  Cerca de duas horas de comboio e descemos na cidade do Porto. O Hotel Internacional, bom para recomendar aos amigos. Do movimentado Centro Histórico, patrimônio mundial, fomos para o Cais da Ribeira, que margeia o Rio Douro, atravessamos a ponte e chegamos à Vila Nova de Gaia, onde ficam as famosas caves dos vinhos do Porto. Fomos conhecer, entre outras, Sandeman e Caves Ferreira, e fiquei estática quando me deparei com a cave Porto Vasconcellos (foto). Será que sou herdeira de alguma fortuna portuguesa e não sabia?
  Mas minha ex-futura carreira de ricaça foi rapidinho para o brejo... Os proprietários da Quinta nunca estiveram no Brasil, e que eu saiba, meus ancestrais nunca pisaram em Portugal. No mínimo provaram uns goles do vinho, mas adquiridos por aqui mesmo. Já estava imaginando trazer um carregamento do vinho com a grife Porto Vasconcellos e presentear a família...
 
  Ah, quase esqueço de contar. Em Lisboa, no aeroporto, a fila de táxi não se move. A fila de passageiros é que vai indo ao encontro deles. Pensei na hora: “estamos em Portugal!”.
 
                                                                                                                      Março 2010

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