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30/08/2022 às 14h00min - Atualizada em 30/08/2022 às 14h00min

Por que ir ao Panamá?

Crônicas de viagem do livro "Lurdinha Camillo - Pelo Mundo"
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    Intimamos os inseparáveis Gleide e Euclides Mendes, casal que também já anda assobiando para as malas descerem do armário, e lá fomos nós, mais uma vez, colocar os pés na estrada. Ou melhor, pôr o traseiro no assento do avião. Confesso que nosso destino de viagem desta vez não era assim uma Brastemp: Panamá.
    Onde fica mesmo? O que tem de in­teressante lá? Por que ir ao Panamá? Lá só tem o ca­nal... Essas questões aba­laram um pou­co os ânimos, mas meu le­ma de viajante é conhecer o desconhecido. Bati o pé, convoquei mais um casal de ami­gos, Rossana e Elias Bor­ges, e lá fo­mos nós.
  Cidade do Panamá. Local de contrastes violentos. Hotéis lindíssimos, avenidas largas, shoppings com lojas onde gri­fes badaladas contrastam com carros em péssimo estado de conservação e ônibus espalhafatosos caindo aos pedaços, circulan­do pelo trânsito caótico que deixam Roma e Bangcoc no chinelo.
  O artesanato é rico em bordados, palha e madeira, e o famoso chapéu de palha é marca registrada do país. Não tem turista que não saia do Pana­má sem levar alguns. Mas tem que ter olho vivo. As imitações são perfeitas.
  O centro velho é assustadoramente abandonado. Um estu­do a longo prazo para restaurar os casarões coloniais, com belos balcões de madeira, anda esquecido em alguma gaveta de algum figurão de lá.
  Oitenta quilômetros formam o Ca­nal do Panamá, que une os Oceanos Pacífico e Atlântico. Uma obra monumental. Na eclusa, estação onde acontece a mudança dos níveis entre os dois oceanos, o governo panamenho ofereceu um jantar típico aos participantes do XX Congresso Latino-Americano de Skal Clubs - e o local não poderia ser mais apropriado.
  À entrada do Canal, vários navi­os imensos aguardam a vez de cruzar os oceanos. A taxa, salgadíssima, varia de acordo com a tonelagem e carga do navio. Ainda assim vale a pena. O contorno pelos mares para evitar a eclusa acarretaria perda de tempo e combustível muito superior à taxa.
 
BOGOTÁ - No retorno, uma parada em Bogotá, num dia de domingo. Domingo foi feito para irritar turista. Catedrais, museus, shoppings, tudo fechado. A solução é o famoso tour de carro pela cidade. Um táxi leva os turistas às salinas, com a famosa Catedral incrustada entre as montanhas brancas de sal. Um local de peregrinação.
   No centro histórico, a Candelária, em estilo colonial, faz vizinhança com as ca­sas de cores fortes, com seus balcões de madeira. Um pas­seio imperdível, e com o tem­po sobrando, subimos ao teleférico, a 2.800 metros acima do nível do mar. A vista nos tirou um pouco o fôlego. Bogotá estava a nossos pés. Percorremos o caminho das Estações do Calvário de Je­sus, com imagens belíssimas em mármore negro, e o Santuário de Monserrate guardou nossas orações e agradeci­mentos pela feliz viagem.
  O charmoso nevoeiro envolvia o restaurante francês Santa Clara, com o fogo crepitando na lareira, um bom vinho tinto e um delicioso caldo quente para afugentar o friozinho. E bons amigos. Precisa mais?
 
Agosto 2002

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