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10/08/2022 às 15h39min - Atualizada em 10/08/2022 às 15h39min

Jamaica. Com meu parco inglês, fui no vácuo!

Crônicas de viagem do livro "Lurdinha Camillo - Pelo Mundo"
FOTOS: Reprodução Google
  O convite para um famtour à Jamaica coincidiu com outro para uma viagem a New Orleans.
  Os dois endereçados ao Odair. Os dois suprassumos do Turismo.
  Odair, espertíssimo, confirmou presença nos dois.
  Mas tinha um problema: como ir a dois lugares ao mesmo tempo?
  Aí entrei na história. Ele conhecia New Orleans e a Jamaica. Eu, só New Orleans, então pensei, eu vou para a Jamaica.
  De início, resolvi parte do problema. Eu ia viajar sozinha. Ficaria por minha conta.
  Com o passar dos dias, as fichas foram caindo. Como você vai sozinha? E eu, e meu parco inglês e espanhol sofrível? Mas fui!
  No aeroporto de São Paulo, vou confessar, Odair suava frio. O convite ia reunir oito jornalistas de seis países. Antes do embarque descobrimos o outro brasileiro que constava no grupo, Sr. Nilson, um jornalista de Curitiba.
  Foi pouco para que o Odair aproveitasse a meia hora antes do embarque para me recomendar ao tal Sr. Nilson. Que por favor, ficasse de olho em mim, que isto, que aquilo...
  Mas, logo de cara não fui com a “cara” dele, nem ele com a minha. Empatamos. Dei um tchauzinho pro Odair, ele grudado no vidro do portão da área de embarque, horrorizado com a situação.
 
  Bem, o resort da rede Sandals era o paraíso. Uma suíte luxuosa e imensa só para mim. O café da manhã no terraço, despertou o apetite. Os garçons, bem ao estilo jamaicano, cantarolavam o reggae.
  Reunião na saleta para a programação do dia. O grupo: dois peruanos, dois venezuelanos, um argentino e dois jamaicanos se entendendo bem. Eu ia no vácuo! E o chato do Sr. Nilson me esnobando, contando alto suas voltas ao mundo.
  Mas tem mais. Também não gostei das outras pessoas do grupo. E foi recíproco. Como pode? Eu que já ganhei olimpíadas por conquistar pessoas por revezamento. Difícil, mas aconteceu! Cheguei a pensar: Será que foi praga do Odair? Mas, deixa pra lá! Otimista como eu só, estava adorando a viagem.
  Na agenda, um alinhadérrimo jantar cerimonioso no Resort Lido, uma das estrelas da hotelaria jamaicana. O public relations pediu minha opinião para a bebida da noite. Escolhi um champagne francês. O Sr. Nilson ficou na defensiva. Tinha pedido uma cerveja. Gostei. O dito estava começando a “entender” quem estava esnobando.
 
  Próxima parada na agenda, o belíssimo resort Dragon Bay, que fica em Porto Antonio, um dos lugares mais procurados por turistas pela beleza do local e luxo de seus bangalôs.
 
  Liguei para casa sem checar o valor das chamadas internacionais. Graças a Deus, só a Cláudia estava em casa. Paguei uma baba. Já pensaram falar com a família toda? Ia voltar de tanga para o Brasil!

  Fomos a River Falls (foto), um passeio superinteressante. Olhei e já fiquei com um pé atrás. Uma cascata imensa com uma subida por uma trilha escorregadia, e a única opção de volta é nadar até a outra margem. Eu em pânico. Simples, não sei nadar! Então fiquei sozinha lá embaixo, mas não subi.

  Tinha certeza que o Odair sabia deste detalhe e não me contou!
  Ah, nos jantares cerimoniosos, sempre sobrava ao meu lado algum figurão do turismo querendo saber tudo sobre o Brasil. Em inglês! Aí, eu pedia ajuda para meus santos das horas impossíveis. E dava certo.
 
  Em Kingston, capital da Jamaica, fomos convidados para um elegante breakfast com o secretário de Turismo e algumas autoridades.
  Dou um dólar para adivinharem quem sentou ao meu lado? Claro! O secretário de Turismo! O melão custou a descer!
  Bem, dia de voltar. Antes fomos conhecer um restaurante à beira de um penhasco, paisagem de arrepiar.
  Muito reggae, comidinhas e os deliciosos drinques.
  Resolvi dançar um pouco e torci o pé. Inchou na hora. Mas, contente de voltar depois de toda aquela experiência, nem me lembrei de enfaixar o pé e reclamar uma poltrona na Executiva.
 
  No aeroporto de Miami, retornando de New Orleans, eu iria encontrar o Odair.
  Estava louca para ver sua cara de espanto. Ele com certeza ia pensar: O plano da cascata não deu certo!
 
Junho 2002

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