08/08/2022 às 15h38min - Atualizada em 08/08/2022 às 15h38min
Nosso primeiro contato com a neve foi em Nova York
Por Odair Camillo
Fotos: Brand-News
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No finzinho do outono de 1980, os primeiros flocos de neve começavam a cair sobre a bela metrópole. Eu e Lurdinha chegávamos ao Milford Plaza Hotel, no coração de Manhattan, vindos de um cruzeiro às ilhas francesas de St. Barths e St.Croix, onde a temperatura estava em torno de 32 graus. Agora, estávamos enfrentando um friozinho de 9 graus, e com possibilidade de chuva e neve para o dia seguinte.
Feito o check-in, tão logo entramos no quarto, a primeira coisa que Lurdinha quis fazer foi telefonar para os filhos. Não consegui fazer a ligação. Desci até a recepção e me informei como ligar para o Brasil. O funcionário pediu-me o cartão de crédito, que eu ainda não possuía. Naquele tempo, o cartão no Brasil ainda era coisa de rico.
Então, ele disse-me que eu teria que fazer um depósito de US$ 100 cash. Se essa quantia não fosse toda utilizada, ele devolveria o saldo quando do check-out.
“No problem”, respondi. Eu estava preparado! Depois de alguns minutos já havíamos conversado com toda a família.
Saímos. O movimento àquela hora era intenso na rua. E à medida que chegávamos mais próximos à Times Square, o frio parecia desaparecer, já que a famosa praça estava repleta de pessoas, toda iluminada, feérica, deslumbrante.
O jantar daquela noite foi numa pizzaria. Expostas numa vitrine envidraçada e aquecida, você poderia escolher o pedaço desejado. Pela primeira vez tivemos a oportunidade de saborear uma pizza com borda recheada.
Na manhã do dia seguinte, ao afastarmos as grossas cortinas da janela do nosso apartamento, os primeiros flocos de neve eram avistados sobre o telhado dos prédios vizinhos. E foi uma correria. Em poucos minutos estávamos saindo à rua, para nos deliciarmos do contato com a neve, ao lado de outras tantas pessoas, e o prazer de tocá-la e senti-la como se algodão fosse, a sua textura macia e gelada que caia mansamente sobre nosso corpo.
Em poucos minutos, o chão parecia um imenso lençol muito branco, estendido carinhosamente sobre a rua, cobrindo o asfalto negro e bruto, com que são pavimentadas as ruas e parques da grande metrópole. Mas o espetáculo não durou muito tempo.
Por volta das onze horas, alguns raios de sol surgiram no céu cinzento, anunciando que a partir daquele momento ele, o astro rei, iria imperar.
E que, possivelmente o espetáculo da neve só voltaria no dia seguinte. E foi o que aconteceu!
Crônica adaptada do livro “Memórias de um jornalista globetrotter” - Odair Camillo
Setembro 1980