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05/10/2021 às 14h01min - Atualizada em 05/10/2021 às 14h01min

Valle Nevado, com a alma lavada e enxaguada

Crônicas de viagem do livro "Lurdinha Camillo - Pelo Mundo"
FOTOS: Brand-News

  Bem, nossa viagem para o Chile foi assim, meio que de repente.
  Data marcada: 4 de junho. Fiz as malas e desfiz. Fiz e desfiz. O mau tempo em Valle Nevado estava cortando o barato dos esquiadores de plantão. Nós não estávamos a fim de esquiar, nem estava nos planos aprender, mas resolvemos esperar o tempo colaborar.
  Uma tarde, por curiosidade, fui fuçar na internet e nos e-mails, um da amiga Adriana Boachio confirmando o vôo para o dia 26. Resumo da ópera, dia seguinte, às 11h, embarque em Guarulhos.
  Odair voltando de Americana, trazendo o Brand-News da gráfica, onde rodava as edições.
Celular? Imagine se tínhamos!
  Subi para o quarto, chequei com minha mãe, minha sogra, a empregada da casa, distribuí recados pela casa toda, lista de compras para o supermercado, xarope para tosse se acontecesse, lavei roupas na máquina, sequei, guardei nas gavetas, acendi velas para os Santos da minha turma, pedindo proteção para todos, e fiz as malas.
  Madrugadinha, estávamos na estrada rumo a São Paulo.
  Nossas passagens, no balcão da Lan Chile. Amigos organizadíssimos assim, têm que ter.
  Estressar pra quê, né?
 
  Vou contar um segredinho. Morro de vontade de chegar em um aeroporto, com o avião já taxiando na pista, a la Ingrid Bergman no icônico Casa Blanca. Com capa de chuva, écharpe e tudo. Humphrey Bogart eu dispensaria.
  Odair ama ficar horas curtindo tudo. Come pizza, compra revistas, vira uma criança.
  A Lan Chile é uma companhia aérea boa, mas os assentos muito apertados.                         
  Tirou os sapatos? Vai descer descalça.
 
  Marco Valdez, nosso guia em Santiago, nos esperava, e já seguimos para Valle Nevado.
  A subida, íngreme, muitas curvas e montanhas de gelo na pista. É obrigatório o uso de correntes nas rodas para não derrapar. O céu, a estrada, a montanha. Tudo branco de doer.
  Nosso hotel, Treis Puntas. Nossos nomes não constavam da reserva. Pronto, pensei. Bom demais para ser verdade.
  E não é que Adriana tinha mudado a reserva para outro hotel, mais estrelado, o Puerta del Sol? Lindo, com varandinha para uma vista estupenda das montanhas.
  Após o café da manhã, fomos andar de cadeirinha na neve e tirar fotografia de ski com pose de quem estava esquiando. Só pose mesmo.
  Ah, o press kit da tarde era uma delícia. Neve caindo lá fora, -18 graus, lareira acesa, gente bonita por metro quadrado, e mesa cheia de delícias.
  Bem, ganhamos uma sessão de massagens de cortesia do hotel, e a opção de fazer o check-out sábado ou domingo.
  Preferimos domingo. O tempo ia abrir e poderíamos subir de cadeirinha até o topo. Ideia maravilhosa. Minha, é claro.


   A piscina fumegante lá embaixo convidou para descer, coloquei o maiô, um roupão de banho e dei adeusinho para um Odair, horrorizado com a ideia. Que eu ia pegar uma pneumonia, uma gripe, etc. e tal. Nem liguei. A água quente, com toda aquela neve caindo, o vapor, o gelo em volta...
  Voltei para o quarto de alma lavada e enxaguada.
 
  Bem, hora de descer para Santiago. Só de pensar em descer aquela estradinha, meu coração parecia querer sair do casaco.
  E ainda fui perguntar para o nosso guia se era mais perigoso subir ou descer.
  Bem feito, quem mandou a bocuda aqui perguntar, né?

 
Julho 2002



 

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