16/09/2021 às 14h32min - Atualizada em 16/09/2021 às 14h32min
Varsóvia: arte e história em cada canto
Crônicas de viagem do livro "Lurdinha Camillo - Pelo Mundo"
FOTOS: Brand-News
A história que choca e a arte que encanta. Como não ficar refém destes dois sentimentos ao conhecer Varsóvia? E eles estão por toda parte, espreitando seu coração com lembranças que o mundo de então deveria ter evitado, e a arte e a beleza se sobrepondo à história. E vou contar, Varsóvia entrou em nossa agenda pela porta da frente.
Dizem que a primeira impressão é que fica. Desta vez tivemos que desmistificar essa lenda. O tempo chuvoso e o frio, a claridade do dia já perdendo para as noites europeias que chegam mais cedo, a neblina densa... vou confessar: pensei em retornarmos ao aeroporto e adiantar Berlim na agenda de viagem.
Mas, o aconchego do belo e elegante hall do Polônia Palace Hotel, nos esperava. A suíte, grande e confortável. Abrimos um bom e reconfortante vinho tinto e saímos para a segunda impressão sobre a capital da Polônia.
O centro, iluminado com seus edifícios modernos e espelhados, moradores vestidos com agasalhos elegantes em passos apressados, restaurantes exalando aconchego... voltamos ao hotel apaixonados pela cidade.
O que ver primeiro? Claro, claro, tínhamos que aproveitar bem a luz do dia para belas fotografias. E seguimos para a Stare Miasto, a parte mais antiga de Varsóvia, chegando ao centro da praça, que poderia competir facilmente com os mais belos exemplares do mundo.
Em cada detalhe, nota-se o cuidado e atenção que os moradores tiveram visando a reconstrução minuciosa das casas e edifícios em ruínas, aproveitando cada fragmento original após a Segunda Guerra Mundial. Trabalho que só foi possível graças aos elementos como quadros antigos, fotografias e cartões postais, além de documentações técnicas datadas dos anos 30.
Conta a história que um arquiteto teve um sonho com a imagem apocalíptica de Varsóvia totalmente destruída. Impressionado com esta visão, iniciou detalhados estudos sobre os edifícios, o que seguramente resultou em uma restauração premiada: o Centro Histórico está incluído na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.
Casas e palacetes barrocos e renascentistas decorados com policromias dão a impressão de autenticidade. Ao centro da praça, a estátua La Sirena, símbolo de Varsóvia.
Escolhemos um café com uma bela e decorada janela. Dentro, a pequeníssima saleta parecia nos fazer voltar no tempo. Das paredes pendiam fotografias desbotadas pelo tempo, e sobre a pequena mesa, a toalha em renda amarelada, porcelanas com deliciosas fatias de bolo e o cremoso e quente chocolate. Não podia ser mais perfeito!
Saímos para apreciar as ruelas ao redor, entrar para admirar a Catedral de São João, em estilo gótico, o Barbican, a mais antiga praça de Mercado, com suas muralhas medievais em tijolos vermelhos, e chegamos ao Castelo Real. Magnífico em sua beleza, com salas luxuosas, tapeçarias, e salão de baile que lembra a suntuosa Versalhes.
E nós não íamos conhecer um dos cenários mais bonitos de Varsóvia, o Palácio das Águas? Horas e horas para apreciar seus arcos e colunas, o majestoso anfiteatro e jardins bem cuidados. Sereno, o palácio parece flutuar imerso no tranquilo lago ao redor. Lugar para não esquecer.
Flanar pela elegante e chic avenida Nowy Swiat, com suas lojas de grife, cafés alinhados e floreiras por todo o trajeto, é programa para 24 horas.
Em minha agenda, um lugar especial para uma tarde também especial: um chá das cinco nos jardins do Belvedere-Royal Bath Restaurant. Localizado no Parque Real de Lazienk, em uma das mais nobres áreas de Varsóvia, seus ombrelones brancos dão à atmosfera, a elegância exata.
O que mais me encantou? A educação dos poloneses, o respeito ao passado, e a chegada de um futuro sem pressa, com tempo para a história e as artes.
Bem, dia de embarque para Berlim. Mas queremos voltar. Quem sabe? Porque, afinal, a segunda impressão é a que ficou.