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26/08/2021 às 13h58min - Atualizada em 26/08/2021 às 13h58min

Ávila, a cidade das muralhas sem igual

Crônicas de viagem do livro "Lurdinha Camillo - Pelo Mundo"
FOTOS: Brand-News
Lurdinha Camillo em frente ao principal portão da cidade espanhola, declarada Patrimônio da Humanidade em 1985
 
Existem centenas de cidades amuralhadas na Europa. Mas nenhuma como Ávila, na Espanha, declarada Patrimônio da Humanidade desde 1985.
  A muralha de 2.500 metros, quase completamente intacta, é tudo em Ávila. Mirante, ninho de cegonhas, e nos tempos atuais, passarela para turistas. Só não é mais reduto de soldados, com suas armaduras, preparados para derrotar os mouros, motivo maior de sua construção no século 12.
  Com cenários fantásticos, suas ruelas estreitas convidam a imaginar tramas entre a realeza que circulava entre festas faustosas e luxuosas. Minha imaginação voltou no tempo e foi fácil tropeçar com damas da corte, com seus vestidos e chapéus hilariantes.
  Os palacetes muitíssimos bem conservados abrigam um reino da alta gastronomia, e os mais refinados restaurantes fazem parte de grandes e elegantes salões em palácios conservados para esta finalidade.
  Belezas que chamam a atenção: o Portão de São Vicente e o Hotel Palácio de Las Veladas, na Praça da Catedral, com seu pátio magnifico, digno do Palácio que de fato foi. E não é preciso hospedar-se para passar algumas horas admirando as obras de arte, a bela galeria e a paz que emana do lugar. Sente-se em uma das poltronas do salão térreo, e delicie-se com um Dry Martini. Não combina, mas dá uma trégua no calor.
  Hora de ir conhecer o Convento de Santa Tereza de Ávila - que emociona pela beleza, fé e interior cheio de lembranças da santa que fundou a Ordem das Carmelitas Descalças, por volta de 1580. Todo em pedras, a sala de relíquias é tocada por uma aura de emoção por podermos estar tão perto de um dos lugares mais respeitados pelos devotos de Santa Tereza.
 
  A cidadela é um todo de tons de areia e ocre, com detalhes dos belos brasões das famílias mais ilustrativas. E o curioso é que pelo interior das muralhas desenvolveu-se uma cidade comum. Construções recentes e sem valor histórico, lojas de doces e chocolates, por momentos desviam a atenção do principal motivo de se percorrer as estreitas ruelas de Ávila, com seus 88 torreões.
  E a vontade de sentar ao sol, em um dos chamados restaurantes, com mesinhas no calçamento histórico, folhear o cardápio, e escolher um precioso Filé de cordeiro? Foi uma ótima ideia. Um bom tinto foi saboreado como se estivéssemos na Ávila das realezas.
  E eu não voltaria sem algumas das famosas caixas de doces Yemas de Santa Tereza, feitos de gemas e açúcar - e que conta a lenda, até a Santa cometia o pecado da gula diante de uma caixa com as deliciosas iguarias.
  Bem, atravessamos o magnífico portão e, lá fora, o mundo com seu trânsito, a bela e florida avenida, e ali em uma esquina, um pátio de escola.
  Paramos para observar os adolescentes em uniformes joviais participando de aulas de trânsito. Ao comando de professores, percorriam, uns a pé, outros de bicicleta, os sinais entre regras e leis de trânsito. E pensei: claro, claro, que vem de berço a educação no trânsito.
 
Setembro 2014

 

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