06/08/2021 às 16h14min - Atualizada em 06/08/2021 às 16h14min
Em San Francisco, Califórnia, correndo atrás de “O Fantasma da Ópera”
Por Odair Camillo - Jornalista
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Quando chegamos ao aeroporto de San Francisco, numa manhã de sábado, vindos de nova York num voo da United Airlines, tínhamos em mente um único objetivo, talvez o principal: assistir ao musical “O Fantasma da Ópera”, que estava sendo apresentado naquela belíssima cidade pela primeira vez fora da Broadway. Depois, certamente, seria nossa incursão na bela pequena metrópole para aproveitarmos os quatro dias que nos restavam de nossa viagem, e visitarmos, mais uma vez, as belíssimas construções em estilo vitoriano da Alamo Square, fazer um happy hour no turístico Pier 39, andar de bonde pelas ruas íngremes da parte central e montanhosa da cidade e, naturalmente, admirar a principal atração da cidade, a Golden Gate, e chegar até Sausalito, para apreciar a cidade e as estilosas construções da Bridgeway. Na verdade, em nossa passagem pela Big Apple, não conseguimos adquirir os ingressos, pois o musical estava batendo todos os recordes de bilheteria.
Em San Francisco, por ser uma cidade menor, haveria mais possibilidades. No entanto, quando chegamos ao hotel para o check-in, o concierge nos advertiu da dificuldade em adquirir os ingressos, e que, possivelmente, para aquele dia seria quase impossível.
A peça musical estava sendo levada no Curran Theater, localizado a algumas quadras do hotel. Para se ter uma ideia da importância desse teatro, o Curran sediou durante cinco anos o “The Phantom of the Opera”, tornando-se o espetáculo que permaneceu por mais tempo fora da Broadway.
Os outros companheiros de viagem, ao saberem dessa dificuldade, desistiram, e acabaram ficando no hotel. Eu e o Flávio Cançado resolvemos ir até o teatro e tentar adquirir os ingressos.
Chegando lá, uma fila imensa já tomava conta da calçada. Essa fila era para aqueles que já tinham os bilhetes e se preparavam para entrar. Na bilheteria, que ficava do outro lado, estava tranquilo.
Incumbido de adquirir os bilhetes, Flávio voltou logo, e desanimado. Não havia um só para aquele dia. Lotação esgotada! Foi quando resolvemos “negociar” com os cambistas os bilhetes. Depois de quinze minutos, pechinchando e chorando as mágoas, já tínhamos os ingressos conosco, embora tendo que pagar um ágio de quase 150%. Enfim, seria nossa oportunidade de assistirmos a um grande espetáculo.
O musical estava programado para começar às 16h. Meia hora antes estávamos sentados nas confortáveis poltronas do Curran Theatre, embora em lugares separados. Com aquele “jeitinho brasileiro” conseguimos convencer alguns jovens, trocando de assentos para que ficássemos com nossas mulheres. E não tivemos muito tempo para admirarmos a estrutura e a beleza interior do famoso teatro. Ele havia passado por uma restauração que durou aproximadamente dois anos, mas que valeu a espera, pois o mesmo se apresentava totalmente remodelado, mantendo o seu estilo vitoriano.
O “Fantasma” que me perdoe, mas confesso que dormi
Embora um pouco cansado pela viagem, procurei ficar atento à interpretação dos atores, à mudança cênica da peça, e principalmente às belas músicas compostas especialmente para o espetáculo. Mas, de vez em quando o sono chegava, e persistia. Mostrava-se mais forte do que meu desejo de curtir aquele momento especial. As cutucadas de Lurdinha para acordar-me, já não faziam efeito. Despertava somente quando o som ficava muito além dos decibéis permitidos.
O famoso musical - que desde 1988 tem levado milhões de pessoas à Broadway e a outras importantes cidades do mundo -, é uma trágica história de amor, e uma estranha obsessão de um gênio musical conhecido como “O Fantasma da Ópera”, pois ninguém o vê, nem sabe quem é. O musical mostra o complexo entrelaçamento de destinos e eventos, a eterna luta dos sentimentos - amor, esperança e ódio. Uma maravilhosa apresentação e a bela música de autoria de Andrew Lloyd Weber.
Baseado no romance de Gaston Leroux, a trama gira em torno desse personagem misterioso - uma figura por trás de uma máscara, que vive nas catacumbas do Opera, de Paris. Todos têm medo dele, exceto Christine. O Fantasma ama Christine. Em determinado momento, o Fantasma a leva para a cama. Algumas horas depois, Christine é despertada pelo som de música de órgão, tocada pelo Fantasma. Calmamente, ela vai até ele e arranca sua máscara. Christine vê o rosto dele. O Fantasma fica ofendido e a leva de volta à ópera. (Stop! Vou parar por aqui! Quem quiser saber mais, que sofra como eu, e pague em dólares seu ingresso).
A queda do lustre é um dos momentos mais interessantes e tensos no musical. Ele fica estrategicamente localizado sobre os lugares das primeiras linhas onde fica a orquestra. O candelabro começa descendo sobre esses lugares e cai no palco. O barulho é muito forte. A plateia fica assustada. Ninguém estava esperando. E eu, como não poderia ser diferente, finalmente acordei por completo.
Prisão de Alcatraz: as fugas mais famosas e a realidade da prisão
No dia seguinte iríamos conhecer a famosa prisão de Alcatraz. O tour para visitá-la parte do Pier 33 a cada meia hora, e é realizado por um ferry que chega à pequena ilhota em menos de dez minutos. Já dentro, ficamos conhecendo as celas mais famosas, que receberam infratores ilustres como Al Capone, entre outros. Muitas delas estão preservadas com objetos da época, inclusive o buraco feito pelos dois únicos fugitivos da história do presídio de segurança máxima.
A primeira parada foi na sala de banho, onde todos os visitantes recebem um audioguia, também disponível em português, tornando o percurso muito mais interessante.
Ouvimos a história do presídio, as fugas mais famosas e como era o dia a dia de Alcatraz. O tour passou por celas, refeitório, salas de visita, pátio do banho de sol, e outros ambientes. Os depoimentos no áudio são de ex-funcionários e prisioneiros que realmente viveram a realidade da prisão. Durante o tempo que alcatraz esteve em funcionamento, 36 presos tentaram escapar. Do total, 23 foram recapturados, 6 morreram baleados e 2, por afogamento. No entanto, 5 deles nunca foram encontrados. A prisão fechou as portas em 21 de março de 1963.
Novembro 2012