Por que demorei tanto para conhecer Capitólio?

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FONTE E FOTOS: Cláudia Camillo

31/01/2025 16h46 - Atualizado há 4 dias

A deslumbrante paisagem vista do alto do Parque Mirante dos Canyons

De frente para o computador, após três dias de dolce far niente, me pergunto: por que demorei tanto para conhecer Capitólio? Afinal, motivos nunca faltaram. Além da proximidade com Poços de Caldas (cerca de 220 Km), seus principais atrativos formam uma das paisagens mais belas e impressionantes do País, razão por si só suficiente para a viagem.

Explicação palpável, não há. Já os tais motivos para colocar Capitólio na agenda de viagem, são muitos. A começar pelos canyons, com seus paredões rochosos invadidos pelas águas esverdeadas do Lago de Furnas. Visita obrigatória e cartão-postal de Capitólio, localizada no sudoeste de Minas, em uma região privilegiada pela natureza e conhecida como “mar de Minas”. Ou “Cidade Rainha dos Lagos”.

Ok, a palavra “canyon” pode ainda estar associada ao desmoronamento de um paredão, ocorrido há 3 anos, quando um bloco de pedras desabou sobre o lago, provocando mortes. O grave acidente que atingiu 4 embarcações, afetou drasticamente o turismo náutico local, base da economia. Em contrapartida, foram adotados novos critérios de acesso e segurança, através de decreto, estabelecendo condições para o uso do local que vêm sendo cumpridas, desde então, pelas embarcações. Entre outras medidas estão a análise diária para avaliação geológica do atrativo, lotação máxima, velocidade e tempo de permanência dos barcos, habilitação dos condutores, etc, tudo fiscalizado e monitorado pela Marinha. Testemunhamos isso - e vale dizer que ao chegar próximo ao local, quando os barcos desligam os motores, há uma certa tensão no ar. Um silêncio momentâneo, já que todos a bordo parecem reviver, por segundos, as imagens que foram amplamente divulgadas pela mídia. Porém, em toda a extensão, boias delimitam o trajeto dos barcos, garantindo que seus condutores não se aproximem dos paredões. Segurança é palavra de ordem.

O passeio de lancha pelo lago artificial que surgiu a partir de 1963 - quando as comportas da Usina Hidrelétrica de Furnas foram fechadas, inundando a área de 1.440 km² que deu origem ao lago - tem 4 paradas, que podem variar de acordo com a época do ano. Optamos pelo passeio de 4 horas, sendo 1 hora para drinks e/ou almoço (no nosso caso, no Canyons Beach Club), mais alguns minutos para banho em uma das margens. Oferecido pela Náutica Turvo, que fica anexo ao famoso Restaurante do Turvo, custou R$ 120,00 por pessoa (com desconto oferecido pela pousada). As opções de agências são muitas, todas credenciadas.

A primeira parada é na Cachoeira Lagoa Azul, que tem um pequeno bar flutuante e área reduzida para banho (com obrigatoriedade do uso de colete salva-vidas). Na sequência, passagem pelo Vale dos Tucanos, pequeno trecho formado por águas esverdeadas e gigantescos paredões. De encher os olhos.

Também obrigatória é a visita ao Parque Mirante dos Canyons, um complexo de contemplação que abriga o Mirante Clássico, trilhas em meio à vegetação nativa de campos rupestres, o Mirante Escondido, um restaurante com deck suspenso e Piscinas naturais em declive que se formam entre as pedras, com água cristalina.

O Mirante dos Canyons fica anexo ao Parque Pauá e suas atrações: tirolesas com mais de 100 metros de altura e Ponte Pênsil a 40 metros de altura.

Localiza-se às margens da rodovia MG-050 (a cerca de 30 km de Capitólio) e tem estacionamento no local. O valor da entrada na bilheteria é de R$ 90,00 (sendo R$ 70,00 meia entrada e gratuito para crianças até 10 anos).

Mas Capitólio é mais do que o famoso cartão postal dos canyons. São inúmeras cachoeiras e quedas d´água, com circuitos que rendem um bom dia de passeio - como as cachoeiras da Trilha do Sol, Paraíso Perdido, Pé de Serra e Retiro Viking. Com mais tempo, vale ir às cachoeiras do Filó, Poço Dourado e Fecho da Serra Casca d´Anta, no Parque Nacional da Serra da Canastra. As dicas são de viajantes que não abrem mão de um banho de cachoeira - não me incluo nessa categoria e não fomos em nenhuma delas, já que a prioridade era aproveitar a piscina e o sossego da Pousada Noah (que falarei mais abaixo).

Na gastronomia, Capitólio também não decepciona. O Restaurante do Turvo é daqueles “tem-que-ir”. Porções generosas de peixes, cardápio variado, um time experiente de garçons e mesas a perder de vista.

No centrinho - que não tem muito mais que a bela Igreja de São Sebastião -, a indicação certeira é o restaurante de comida mineira Tropeiro. Todo turista que se preze, vai ao Tropeiro. Porque é realmente muito bom. Simples, com porções igualmente generosas, cerveja no ponto, um picolé dos deuses. Tem que ir e, se der, repetir.

Depois de tanta tilápia recheada, traíra desossada, uma massa pra variar. A avaliação no TripAdvisor - e a ótima localização, na praça da Igreja - nos levaram ao Sô Belo Trattoria. Comida italiana sem erro. Pedimos um nhoque com molho de ragu de costela de comer rezando.

Recebemos também boas indicações do Cicarini e Salvatore, mas não chegamos a ir. Optamos pelo Cozinha da Roça /Restaurante do Gatão, próximo à entrada de Escarpas do Lago - condomínio de luxo colado em Capitólio e conhecido pelos iates sem fim. Se o leitor costumava frequentar o restaurante Capitão do Lago, em Poços de Caldas, da saudosa Angela Buião (delicioso!), vai ter um termo de comparação. Comida mineira, pratos generosos, atendimento familiar, um pequeno lago artificial e muito sossego.

Às margens do Lago de Furnas e a cerca de 7km do centro de Capitólio e 6km do Mirante dos Canyons, uma pequena, charmosa e aconchegante pousada é um refúgio tranquilo e de bom gosto. A Pousada Noah, que também atende por Hotel Noah, foi um achado de viagem, entre tantas opções.

A estrutura é tímida - são apenas 12 apartamentos, uma piscina pequena (porém aquecida) e nenhum serviço de bar antes das 18h -, mas o deck com vista para o lago, o bom gosto nos detalhes, mobiliário e playlist na área comum, ganham os hóspedes mais exigentes.

Ponto também para o atendimento, limpeza e o café da manhã com produtos regionais, sucos, bolos, frutas, pães e... pamonha!