“Ainda estou aqui”- não é o filme, mas merece ser lido
Fotos: Arquivo Brand - News
20/01/2025 15h25 - Atualizado há 1 semana
Sede da Guarda Mirim na rua Junqueiras, onde funciona um bazar beneficente e distribuição de fraldas geriátricas produzidas pelos “leões” e “domadoras” do Lions Clube Urânio
Quando terminei a edição do livro “Resgate de um Sonho”, que conta a história da Guarda Mirim de Poços de Caldas, apresentei-o aos amigos na sede da entidade, autografando-os sob uma tenda localizada ao lado, na praça da estação ferroviária. Acredito que esse evento cultural, inusitado, jamais tinha sido visto até então.
Mas o que pretendo dizer a meus leitores mais novos, e que não viveram aquela época, é que o livro conta que aquela praça, na época abandonada e cercada com arame farpado, foi por mim conquistada em 1981, através de um convênio com a FEPASA, reivindicando-a para nela, além de construir a sede da entidade, aparelhar o local com um Centro de Informações Turísticas.
Anteriormente, várias entidades e a própria Prefeitura já haviam solicitado à empresa ferroviária a sua utilização, sem resultado. No entanto, apresentei um projeto audacioso junto à Prefeitura para explorar os direitos da Zona Azul, fiscalizada pelos menores da Guarda Mirim, cuja renda seria revertida à sua manutenção e aos próprios guardinhas.
O projeto previa ainda conseguir um vagão de passageiros de madeira adaptado para receber a visita dos turistas, acoplado a uma locomotiva Maria Fumaça. Após inúmeros contatos com a diretoria da FEPASA, no dia 4 de setembro de 1981 era assinado o convênio de concessão daquela área à Guarda Mirim e à Prefeitura Municipal de Poços de Caldas, na época comandada pelo prefeito Dr. Ronaldo Junqueira.
Dois anos depois, no dia 9 de outubro de 1983, o então prefeito Dr. José Aurélio Vilela (foto) inaugurava a sede da GM, erguida no mesmo local onde por muitos anos funcionou a garagem de um caminhão da Mogiana que fazia a coleta e a entrega de mercadorias transportadas pelo trem. A garagem foi acrescida de um segundo pavimento para a sede. Esse prédio ainda está lá, funcionando atualmente como um bazar beneficente e distribuição de fraldas geriátricas produzidas pelos “leões e domadoras” do Lions Clube Urânio.
Construtora acha que local da sede lhe pertence
Corre na justiça um processo de uma construtora da cidade contra o Lions Clube Urânio/Guarda Mirim. Ela é proprietária de vários edifícios, inclusive do prédio tombado do Conde de Prates, que está passando por restauração e que poderá transformar-se em hotel.
A construtora alega que a sede da Guarda Mirim foi construída em área que pertenceu à família Conde de Prates, e agora pretende, se ganhar a ação, “passar com um trator” sobre a construção da GM e colocá-la no chão, segundo notícia ouvida pelos bares e esquinas.
Só que antes, afirmo com todas as letras, “Ainda estou aqui”, vivinho da Silva. No passado, enfrentei luta maior em favor dos menores desassistidos, e venci. Não será agora que permitirei que uma obra filantrópica, conquistada com muita luta, seja entregue a uma empresa rica e poderosa, sem qualquer custo ou obrigação.
Gostaria de ter uma conversa “téte-a-téte” com o juiz que, ocasionalmente, proferir a sentença a favor da construtora, e dizer-lhe que:
1º: Impossível uma empresa estatal, do porte de uma antiga Companhia Mogiana e depois a FEPASA, fazer a doação de uma área que não lhe pertença a uma entidade filantrópica;
2º: O convênio, que também incluiu a Prefeitura Municipal, teve projeto de construção da Secretaria de Obras e Planejamento e depois, aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal;
3º: Finalmente, em todos esses 43 anos, passaram pela entidade mais de 15 mil menores desassistidos que tiveram uma formação escolar, receberam uma Bolsa de R$ 650 mensais, tiveram condições de ajudar suas famílias e depois serem colocados em empresas e, até serem admitidos regularmente como funcionários, conseguindo o seu sonhado primeiro emprego. A entidade merece MAIOR RESPEITO!