Sou um pássaro que desaprendeu a voar

Por Odair Camillo - Jornalista
14/01/2025 15h02 - Atualizado há 2 semanas
Sou um pássaro que desaprendeu a voar
Foto meramente ilustrativa - Reprodução Google

 
Sempre tive uma grande atração pelos aviões. Também acredito que a grande maioria das pessoas sente a mesma coisa.
E as primeiras imagens desses pássaros voadores ficaram registradas em minha mente quando ainda criança, ao visitar com meus pais o aeroporto local.
 
E os voos da Panair do Brasil chegavam ao aeroporto local trazendo muitos turistas que aqui aportavam, não só em busca do tratamento pelas águas termais, como também para jogar a sorte nos vários cassinos que funcionavam livremente.
 
Certa vez - mas já sabendo de antemão a resposta - disse a meus pais que gostaria de ser piloto de avião. A reação deles foi imediata: “Você tá ficando louco. Nem pensar...’’  Naquela época, a profissão de piloto era tida como muito bonita, mas perigosa.
 
Após essa frustração, somente depois de casado tive a oportunidade de voar com o comandante Lara num “teco-teco”, como era conhecido o pequeno avião utilizado na instrução dos candidatos a tirarem o brevê e se tornarem pilotos profissionais.
 
O voo panorâmico sobre a cidade foi fantástico. O pequeno avião percorreu a pista ondulada e curta, e decolou. Já lá em cima, em dado momento tive a sensação de que seu único motor poderia parar. Mas logo afastei essa ideia, e comecei a curtir a beleza de Poços de Caldas, das alturas. Simplesmente maravilhosa!
 
Só em 1978, quando já havia fundado o Brand-News e me dedicado ao Turismo, iniciei minha aventura pelos céus do Brasil e do mundo, viajando frequentemente em aeronaves das mais simples, culminando com voos de até 14 horas sem escala nos gigantescos e moderníssimos A-380.
 
A partir de 2018, os convites aos jornalistas para viagens internacionais tornaram-se escassos. As mordomias inclusas como a hospedagem em hotéis estrelados e restaurantes famosos foram suspensas.
 
Resta-me ainda um convite do governo de Singapura para uma visita à famosa cidade asiática. Mas decidi não mais aceitar as benesses de um voo internacional, mesmo numa poltrona de Primeira Classe. A ausência de minha saudosa esposa Lurdinha, sempre a meu lado, transformaram-me num pássaro engaiolado, tímido e fraco, sem qualquer vontade de voar.

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