19/11/2024 às 15h09min - Atualizada em 19/11/2024 às 15h09min
Despertando no meio da madrugada
Por Odair Camillo - Jornalista
Acordo como de costume nesta madrugada de novembro e começo a meditar sobre minha existência neste mundo, trazendo à lume tudo aquilo que sonhei e realizei, e o que poderia ter feito a mais e até agora não fiz.
Levanto e dirijo-me ao escritório, meu lugar preferido, onde guardo com carinho meus pertences acumulados nestas quase nove décadas de vida. Uma pequena biblioteca, documentos e fotos que refletem saudosas imagens de minha esposa Lurdinha, da família e de amigos, além de uma pilha de jornais publicados e encadernados durante quase 50 anos.
Na mesa de trabalho, meu computador e impressora, que auxiliaram-me a produzir matérias jornalísticas, publicar meus textos nas redes sociais e editar seis livros que traduzem grande parte de minha vida dedicada ao magistério, ao jornalismo, à cultura e à filantropia.
E é sobre esses livros que sobraram, alguns dispersos pelos cantos da sala, que vem a ideia de doá-los. Não os vejo mais como necessários estarem ali, ocupando espaço. Quando lançados, muitos apreciaram seu conteúdo e curtiram a minha maneira de ser, e de escrever. Já este último, parece que meus leitores esqueceram que ainda existo...
Atualmente, essa nova geração não se interessa pela leitura formal em si. Adaptou-se às novas tecnologias que acrescentaram imagens, sons e textos sucintos e atualizados. Lamentavelmente, os livros, em geral, incluindo os best-sellers de notáveis escritores, ficaram em segundo plano com o advento da informática. Anos atrás, as pessoas, ao construir suas casas, destinavam uma sala específica para nela formar sua biblioteca particular, que representava não só seu poderio econômico, como a sua formação cultural.
Agora, ao desfazer-me dos livros que restaram, guardarei na estante pelo menos um, como fiz do primeiro que lancei em 1985. O restante, juntamente com obras de outros escritores, pretendo doá-los para pessoas mais simples, muitas vezes carentes e até injustiçadas. Talvez destes, espero que se interessem pela leitura - ao mesmo tempo, fico torcendo que preservem o hábito de ler, o caminho mais certo para se conquistar tudo o que é bom na nossa vida.