30/12/2024 às 15h13min - Atualizada em 30/12/2024 às 15h13min
No parque, a volta dos que não foram!
Por Odair Camillo - Jornalista
Figura meramente ilustrativa gerada através do chatGPT
Caminho devagar e sozinho nesta manhã de segunda-feira pelo parque da Fonte Luminosa. Atitude quase que diária que tomei depois que Lurdinha, minha esposa, foi levada pelos seus anjos... Arrasto-me pelas suas vielas, caminho entre as pérgulas que levam à fonte, agora decorada com luzes natalinas, observando as árvores frondosas a seu redor e ouvindo o cantar dos pássaros.
Na caminhada, encontro pessoas conhecidas que fizeram, no passado, parte de minha vida social. Velhos amigos, alguns solitários como eu, outros acompanhados de suas esposas, em busca de lembranças e de um exercício benéfico para a saúde física e mental.
E nessas lembranças, chega até mim mais uma vez, a presença imaterial de minha Lurdinha, caminhando a meu lado, fazendo o mesmo trajeto, mas com muito mais vivacidade, confiante nas suas possibilidades físicas.
Sinto-me feliz, e até mais jovem ao lado dessa fabulosa mulher, que por quase oito décadas alcançou o topo das montanhas e caminhou serenamente comigo sobre as areias brancas e cristalinas dos mares que visitamos. Uma mulher ativa e inteligente, capaz de conversar animadamente em qualquer idioma, mesmo os que nem mesmo conhecia, com todas as pessoas que encontrava pelo caminho. Viveu intensamente, conquistou o mundo, e fez a felicidade de muita gente.
E nesse passeio, percebo que mesmo sozinho, ela se faz presente. E sinto, pertinho de mim, a fragrância e o perfume que emana de seu corpo. Tenho certeza que ela está a meu lado. Procuro desesperadamente agarrá-la e trazê-la junto a mim, para que nunca mais me deixe sozinho.
Em vão. Sua imagem simplesmente ficou na minha lembrança, restando-me agora contentar-me com sua ausência. Pois o seu retorno foi somente, a volta dos que não foram!