18/05/2021 às 15h14min - Atualizada em 18/05/2021 às 15h14min
“Paris é uma Festa”
Por Odair Camillo - Jornalista
FOTOS: Brand-News
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“Si vous avez la chance d’avoir vécu jeune homme à Paris, où que vous alliez pour le reste de votre vie, cela ne vous quitte pas, Paris est une fête”. Ernest Hemingway
"Paris é uma Festa" é um livro de memórias de Hemingway que conta os seus anos vividos em Paris e os cafés que frequentava, as ruas por onde caminhava e os amigos com quem convivia. Pessoas famosas, principalmente escritores que também viviam na cidade como F. Scott Fitzgerald, Erza Pound, James Joyce e Ford Madox Ford.
Suas memórias mostram-nos um Hemingway que deixava de comer, mas não deixava de tomar um vinho nem beber um café no Flore ou no Les Deux Magots e numa brasserie, a Lipp, todos na confluência do boulevard Saint-Germain com a rue de Rennes. Passava toda a manhã, sentado, observando a charmosa e louca Paris dos anos 20 e escrevendo o que lhe conviesse.
A cidade deu-lhe nova dimensão do humano e maior sensibilidade. Após ter escrito “Paris é uma Festa”, Hemingway restaurou durante algum tempo a felicidade perdida e o gosto da juventude, vividos naquela época.
Montparnasse, um sonho realizado
Ao ler “Paris é uma Festa, há algum tempo, imaginei que um dia tivesse a oportunidade de sentar-me à uma mesa do Le Deux Magots, pedir um café com alguns biscuits, e imaginar-me naquele tempo vivido pelo famoso escritor.
A oportunidade surgiu em novembro de 2006, quando aceitei o convite da amiga Cecile Siraut, uma empresária francesa que, por amar tanto o Brasil, vestia-se de verde e amarelo, como as cores de nossa bandeira. Cecile frequentava muito nosso país, principalmente nos eventos de turismo que aqui aconteciam. Era um pretexto que ela encontrava para nos visitar, aproveitando a oportunidade para vender os quartos de seu hotel na Rue de Rennes, junto à avenida de Montparnasse, em Paris.
Desta vez ela tinha vindo para selar uma parceria com a rede Othon de hotéis e que acabou transformando o seu pequeno hotel no Acacias Saint Germain Othon Classic, um charmoso hotel no coração de Paris.
No mês seguinte, eu e Lurdinha éramos recebidos por Cecile em seu hotel, como hóspedes e, principalmente amigos, pois ela própria cuidava do empreendimento, num ambiente descontraído e familiar. Alojados no terceiro andar do prédio histórico datado de 1856, da janela de nosso apartamento assistíamos a toda a movimentação de Montparnasse, local preferido pelos turistas e pelos próprios parisienses que procuram bons restaurantes e lojas de grife, assim como tínhamos uma visão da famosa Gare e da Torre Montparnasse, único espigão construído dentro dos 20 arrondissements centrais de Paris, com 56 andares, na época considerado um prédio mal amado pela população, que contrastava com as edificações tradicionais da Cidade Luz.
No dia seguinte, nossa principal preocupação era descer algumas esquinas avenida abaixo e encontrar o Les Deux Magots, com seu toldo branco com faixa verde, protegendo seus clientes sentados em confortáveis cadeiras de vime colocadas sobre a calçada. Conseguimos uma mesa e por quase uma hora degustamos lentamente o famoso café, apreciando como o famoso escritor, a grande Festa que é Paris.
A capital francesa é uma daquelas raras cidades que viraram referência internacional. Mais de 30 milhões de pessoas têm a mesma ideia todos os anos de visitar Paris. Os motivos? Cada pessoa tem o seu. Conhecer o brilho da cidade, rever o rio Sena, colocar a vida cultural em dia, fazer compras descoladas, passear pelas ruas...
É o que sempre acontece comigo. Realmente, nenhuma vez que estive na Europa deixei de visitar Paris. Sempre dou um jeitinho de iniciar, ou terminar minha visita ao velho continente, ou pelo menos passar uma noite na cidade. Paris é uma metrópole que não para de surpreender. Seu equipamento urbano, ampliado e aprimorado, se renova permanentemente. É o que faz dela uma cidade bela e surpreendente!