18/05/2023 às 16h07min - Atualizada em 18/05/2023 às 16h07min
Café, o vilão mais amado!
Por Angela Caruso - @batomnaxicara / www.batomnaxicara.com.br
Foto: Reprodução Google
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Como já disse um poeta, tudo que é proibido é mais gostoso, pode ser imoral, talvez engorde ou faça emagrecer. Este poderia ser o resumo dos motivos de todas as vezes em que o café foi tratado como vilão e banido por questões em geral sem muito sentido, ao longo de sua história.
Tudo começou por conta do efeito estimulante atribuído ao café, que chegou a ser tratado como “negro veneno”. Dessa forma, com baixa reputação, na Turquia do século 14 todo aquele que fosse pego ingerindo café teria uma pena de até seis meses de prisão decretada. E não parou por aí.
Em Meca, cidade sagrada da Arábia Saudita, no início do século 16 acreditava-se que a bebida estimulava pensamentos radicais e o governador da época temia que o café fosse capaz de reunir e fortalecer a oposição ao seu governo. O mesmo ocorreu em Constantinopla, durante o império Otomano, quando o café foi proibido pelo Sultão sob a lei islâmica que proíbe intoxicantes, além de decretar duras penas aplicadas a quem consumisse ou vendesse café. Motivo? Sentir-se ameaçado por seus súditos. Conta-se que o Sultão costumava andar disfarçado pelas ruas da cidade durante a noite para investigar o que acontecida. Certa vez presenciou homens tomando café, enquanto discutiam política e criticavam severamente o governo, responsabilizando o próprio Sultão pelos problemas que viviam. Foi o suficiente!
Ainda no século 16, os italianos precisaram do consentimento do Papa Clemente VIII para tornarem-se os grandes amantes da bebida da atualidade. A elite eclesiástica considerava o café uma bebida satânica e esperava que o Papa proibisse seu consumo. Entretanto, para alegria dos cristãos espalhados pelo mundo, Clemente VIII se dispôs a experimentar uma xícara e declarou: “Provado, aprovado e abençoado!”
O Rei Adolf Frederick, da Suécia, proibiu a ingestão do café com a justificativa de proteção aos cidadãos contra efeitos perigosos atribuídos à cafeína, e o aumentou os impostos do chá e do café. Decreto que foi mantido mais tarde por seu sucessor que, além de proibição, determinou que todos os capturados por venderem ou consumirem as bebidas fossem usados como cobaias para estudos a fim de comprovar os efeitos nocivos da cafeína.
Finalmente, na Prússia, por volta de 1777, o monarca prussiano proibiu a bebida por estar atrapalhando o consumo da cerveja no país, declarando a superioridade da cerveja sobre o café.
As mulheres também foram impedidas de tomar café na Europa no século 18, pela justificativa de que o consumo da bebida estaria ligado a casos de descontrole emocional e esterilidade.
Com argumentos fracos para a extinção total, o bem-amado cafezinho foi ganhando aliados científicos, sobretudo a partir do final do século 20, com o desenvolvimento dos cafés especiais. Pesquisadores reconhecem a importância do consumo do café para a prevenção de algumas doenças e, evidentemente, por trazer bem-estar e bom humor a quem tem o bom hábito de consumir até quatro xícaras diárias.
Mas claro: café especial!
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