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29/07/2022 às 16h17min - Atualizada em 29/07/2022 às 16h17min

A Poços que mora no exterior

Adriano Mussolin – Jornalista
E-mail: [email protected]
Foto: Reprodução Google
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Não sei se existe um levantamento oficial de quantos poços-caldenses moram no exterior atualmente. Lembro que, quando trabalhava nas eleições como mesário, nos anos 1990, o índice de abstenção era pouco acima dos 10% e, precariamente, calculava-se que boa parte desse número se devia à grande quantidade de moradores de Poços que estavam residindo no exterior. Na época, estimava-se em cerca de 8 mil pessoas. Dizia-se que só Governador Valadares tinha mais gente morando fora do que Poços, principalmente nos Estados Unidos.

Na última eleição, em 2020, o mesmo índice de abstenção passou dos 33%, por diversos motivos. Triplicou. Sendo que, o eleitor que quiser votar fora do país, pode. Portanto, a estimativa atualizada não-oficial é de que tenhamos bem mais que os 8 mil citados anteriormente. Penso que seria interessante para o município conhecer melhor esse número, não só para saber mais precisamente quantos são, mas, principalmente para avaliar o impacto econômico que essa população causa na cidade.
 
A imensa maioria migrou para os Estados Unidos, fenômeno que se iniciou no final dos anos 1960, cresceu nos anos 1970, se consolidou nos 1980 e 1990 e continua a crescer. Agora também em grande número para locais como Portugal, Canadá, Austrália, Japão, Dubai e muitos outros. Os primeiros foram para a “América”, como se dizia, para buscar melhores condições de vida, principalmente trabalho. Aqui não conseguiam encontrar boas opções de sustento e o estudo era bem restrito. Quem quisesse se formar no ensino superior, tinha que sair da cidade e as condições eram bem mais difíceis do que hoje.

Atualmente, muitos continuam a sair do país para buscar melhores salários. Já outros optam por morar fora em busca de mais qualidade de vida e estudos para seus filhos. Muitos são levados por empresas multinacionais para emprestarem seu conhecimento em outras filiais ou mesmo na matriz de suas empresas. Sim, temos poços-caldenses em posições de destaque em diversas firmas estrangeiras, espalhados pelo mundo.

A maior parte dessas pessoas não perdeu o vínculo com nossa cidade e sempre volta quando tem oportunidade para visitar seus parentes e amigos. Muitos ganham seu dinheiro lá fora e investem por aqui. Principalmente, em imóveis. Basta uma rápida conversa com algum corretor para ver a quantidade de terrenos, apartamentos, casas, barracões, chácaras etc. que são vendidas para pessoas de Poços que não estão morando aqui. Impacta forte e diretamente na economia do município. Há alguma ideia do tamanho desse aporte financeiro anual?

Não seria o caso de a cidade criar uma espécie de “Dia do Poços-caldense Ausente”? Escolhe-se um dia, pode ser no final do ano, entre o Natal e o Ano Novo, por exemplo, que é um período que muitos vêm para cá para as festas e para fugir do frio do hemisfério norte. Marca-se uma festa familiar em algum lugar aberto com música, comida e diversão para todos. Pode-se culminar com um jantar beneficente de arrecadação de fundos para as principais entidades assistenciais daqui. Nos moldes dos que são feitos nos EUA. Muitos que moram no exterior têm vontade e condição de ajudar os mais necessitados de Poços. Um evento anual desse porte seria uma ótima oportunidade de arrecadar um bom montante para esse fim.
 
Pode-se também estudar a criação de um Museu do Emigrante ou algo similar. Um local onde fossem contadas as inúmeras histórias de sacrifícios, perdas, lutas e dificuldades que esses milhares de poços-caldenses sofreram mundo afora. Com mostra de fotos, painéis, filmes, áudios. A grande maioria teve que batalhar muito para conquistar seu espaço. Há casos de pessoas que perderam a vida nas arriscadas travessias de desertos, na fronteira do México e EUA. Muitos estão fora há mais de 30 anos. Tiveram filhos lá que falam português e mantém vínculo com a terrinha.
 
Seria interessante ter um espaço para que tantas trajetórias fossem lembradas e eternizadas, servindo de orientação para as gerações que ainda virão.
 

 



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