05/05/2022 às 15h01min - Atualizada em 05/05/2022 às 15h01min
O futebol como lazer
Adriano Mussolin – Jornalista
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Torcida na arquibancada do Ronaldão - Foto: Reprodução Internet C
Existe uma forma de assistir aos jogos da Caldense no Ronaldão que é extremamente prazerosa, mesmo para quem não curte o futebol. Comum em muitos estádios Brasil afora, principalmente no interior. No caso de Poços, vem desde os tempos do Cristiano Osório, na rua Pernambuco, que era onde a Caldense mandava seus jogos até a inauguração do Estádio Municipal Ronaldo Junqueira, em 1979.
O segredo é não se ater apenas à parte esportiva. Observar o entorno, ficar atento às pessoas nas arquibancadas e ao movimento do público no alambrado. Claro, há os que levam tudo a sério e ficam nervosos e revoltados com passes errados, gols sofridos e resultados negativos. Até eles entram na curtição dos torcedores dessa forma de se assistir a um jogo.
Despidos do espírito competitivo acerbado, dá para curtir um evento único, cheio de personagens curiosos e momentos inusitados. É o esporte como diversão, uma maneira de relaxar e de conviver com pessoas que dificilmente teríamos a oportunidade de encontrar em outros lugares.
Antes de ser um evento esportivo, assistir um jogo dessa maneira no Ronaldão, por exemplo, é: - Uma experiência gastronômica. Pode-se comer biju, tomar sorvete de milho verde, lambuzar-se de pipoca caramelizada e de amendoim doce. Sem contar que, até uns anos atrás, quando a cerveja era proibida em estádios, podia-se dar o azar de pedir uma cerveja sem álcool e ela ainda estar sem gelo...
- É uma experiência social. Encontra-se gente que não se costuma ver no dia a dia. Amigos de longa data que pouco vemos. Até mesmo conhecidos do estádio mesmo, alguns que são amigos desde os tempos das arquibancadas de madeira de Cristiano Osório...
- É uma experiência psicológica. Lá tem-se a oportunidade de xingar, gritar, berrar impropérios e até de aprender algumas expressões impublicáveis e que surgem espontaneamente da ótima mistura que se forma nas arquibancadas. Pode-se liberar todo o estresse e mau humor que se acumula na pesada rotina de nossas vidas.
- Até mesmo político pode ser. Vê-se pretensos candidatos a vereador e deputado cumprimentando até a sombra e dando tchauzinho até para boneco inflável de posto de gasolina. Inimigos políticos se abraçando e autoridades dando “carteirada” para invadir o campo e brigar com a arbitragem.
Acontece principalmente com os clubes mais antigos e tradicionais, como a Caldense, Vila Nova de Nova Lima, Juventus de São Paulo, Caxias do Rio Grande do Sul, Madureira do Rio de Janeiro e vários outros.
Ou seja, pura forma de lazer e diversão, como sempre deveria ser.
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