05/11/2021 às 16h59min - Atualizada em 05/11/2021 às 16h59min
Os 46 anos do Brand-News
O trem está atrasado. Mas ele vai chegar!
Por Odair Camillo - Jornalista
Odair Camillo, Cláudia Camillo Prieto e Lurdinha Camillo durante sessão fotográfica no Museu Histórico e Fotográfico de Poços de Caldas (novembro/2015) - FOTO: Marcelo Tercetti ,
A cada ano, nesta data, sou convidado a escrever uma síntese de tudo que aconteceu durante o ano e mereceu destaque nas páginas do Brand-News - que amanhã, dia 6 de novembro, estará comemorando 46 anos de existência.
Logo no início da pandemia, num esforço para evitar sua descontinuidade como veículo impresso - como deve ter acontecido com todos os demais empreendimentos no país, como no resto do mundo - passamos a entregá-lo aos nossos assinantes via WhatsApp.
Nossas dificuldades tornaram-se ainda maior, quando logo no finalzinho de abril perdemos nossa principal companheira, esteio social, literário, turístico de todo o complexo na produção mensal do Brand-News.
Lurdinha Camillo foi, nestas várias décadas de jornalismo de bom gosto, a mola mestra, o paradigma de nossas produções jornalísticas. E ela está fazendo muita falta.
Mas, como já me disse certa vez o escritor Jurandir Ferreira, “dos problemas que surgem, sempre haverá uma solução, e muitas vezes até melhor.”
Em janeiro deste ano, graças ao trabalho incansável da Cláudia, o Brand-News se reinventou e virou um portal de notícias - e certamente, permanecerá por muitos anos, transformando-se num dos principais jornais online de Poços de Caldas e região.
O conteúdo - focado no turismo, cultura e social -, que era mensal, virou diário, e é entregue gratuitamente a nossos muitos leitores.
A entrada da Cláudia em nossa equipe aconteceu logo no início dos anos 90. Formada em Comunicação Social pela PUCCamp, com uma rápida passagem pelo Correio Popular de Campinas (SP), ela teve, ao juntar-se a mim e à Lurdinha, a oportunidade de alavancar a estrutura do jornal, e mantê-lo ativo.
Durante todo esse tempo em que fomos privados de nos locomovermos, resgatamos nossos bons momentos na publicação de algumas crônicas, principalmente aquelas escritas com muita criatividade e cheias de detalhes (que só Lurdinha sabia descrever).
As viagens que realizamos pelos 58 países dos cinco continentes, visitando 271 destinos turísticos - e que depois de publicadas no Caderno de Turismo, tanto sonho e curiosidade despertaram em nossos leitores -, ficaram na saudade. Mas, para tudo há uma esperança, um sonho que possa ser realizado. E aos poucos estamos resgatando algumas delas aqui mesmo no Portal.
Passado todo esse tempo, confesso que os sonhos desapareceram. E quando surgem, raramente alguns, nunca vejo-me arrastando as malas ao lado dela pelos luminosos e abarrotados corredores dos aeroportos internacionais. Lurdinha sempre parando alguns minutos em frente às lojas de grife para contemplar as novidades.
Agora, quanto a mim, sonho às vezes estar sozinho, fortemente agasalhado do frio europeu, numa das plataformas da velha estação ferroviária, numa noite nebulosa e fria, aguardando a chegada do trem.
Estou confuso. Não sei bem para onde vou. O apito tristonho da locomotiva a vapor é ouvido ao longe. Um trem moderno, tipo TGV encosta na plataforma, e logo vai embora. Esse trem não era o meu. Ele está atrasado. Meu sonho era com a “Maria Fumaça”. Mas ela vai chegar...