24/09/2021 às 14h05min - Atualizada em 24/09/2021 às 14h05min
Toscana, o sonho de todo viajante
Por Odair Camillo - Jornalista
FOTOS: Brand-News
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Ao contrário de Lurdinha, que me acompanhou na viagem à região de Toscana, nunca fui em minhas viagens adepto a visitar salões de arte, palácios e museus, conferir obras expostas em caves escuras ou salões monumentais, muito menos admirar pinturas de renomados artistas. Às vezes, observo e admiro o trabalho, mas não me surpreendo. Sou mais para o modernismo, obras virtuais, salões com alta tecnologia e apreciar nus artísticos. Gosto de caminhar pelas ruas, andar em transporte público, conhecer praças e jardins, conversar com os locais e apreciar a vida que levam.
Mas, desta vez, confesso que me surpreendi com o acervo monumental de obras expostas em igrejas e palácios de cidades como Florença, e dos seus pequenos burgos situados a não mais que 80 quilômetros de distância, como San Gimignano, Pisa, Arezzo, Siena, Lucca e Montepulciano.
San Gimignano: o turismo impulsionou a pequena cidade
Como todo brasileiro que se deliciou com as paisagens da novela global, San Gimignano foi a cidadezinha que mais me entusiasmou. Uma pequena vila medieval, com seu centro histórico todo amuralhado e com uma população fixa de pouco mais de sete mil pessoas. Ela é caracterizada por suas inúmeras torres, cerca de 72. Hoje existem 14 delas, que se pode ver, entrar e admirar.
Como toda cidade da época, o seu centro nervoso tem o seu Duomo, a sua Catedral. Chamada de Collegiata, é a principal igreja de San Gimignano, situada na Piazza del Duomo.
Bem próximo está a Piazza della Cisterna, uma das mais bonitas e movimentadas da cidade, e o Jardim, de onde temos uma linda vista panorâmica.
O turismo impulsionou a pequena cidade, que se apresenta em todas as épocas do ano com ruas repletas de turistas, comprando nas lojas de produtos artesanais, vinhos da melhor qualidade. E, evidentemente, apreciando sua típica gastronomia.
Arezzo, a grande surpresa da Toscana
Após dois dias em San Gimignano, nosso próximo destino seria Arezzo, uma das várias cidades escolhidas para conhecermos a bela região.
Saímos de Florença da estação Santa Maria Novella pela manhã, e pouco menos de uma hora já estávamos nessa cidadezinha medieval famosa por suas joias e adornos.
Hospedamo-nos no Hotel Minerva, no início da via Fiorentina, bem próximo à Cidade Histórica, onde tudo acontece.
Arezzo é uma cidadezinha típica italiana cor amarelo pastel, que conserva um centro medieval que tornou-se muito conhecido quando ali foram filmadas cenas do filme de Roberto Benigni, “A Vida é Bela”.
Não é necessário muito tempo para conhecê-la. Apesar de montanhosa, o ideal é visitá-la caminhando, embora haja uma linha de ônibus que chega até a Piazza Guido Monaco, chegando ao centro antigo pela Piazza San Francesco. Da praça, avistamos a famosa torre da Pieve de Santa Maria, uma das mais belas igrejas romanescas da Itália.
Quem assistiu ao filme, certamente vai achar a Piazza Grande muito familiar. A primeira parte foi toda ambientada nessa praça, com suas ruelas onde Guido Orefici desfilava de bicicleta declarando-se para Dora.
A sensação é de haver voltado no tempo. Cantinas com floreiras nas janelas, empórios de vinhos e massas, café à moda antiga e antiquários enfileiram-se a cada rua. Imperdível conferir o ciclo de afrescos de Piero dela Francesca na Igreja de San Francesco, pintados entre 1453 e 1466, e admirar a fachada românica da Pieve de Santa Maria, do século 12, onde se destaca o seu campanário de 36 metros de altura. No fim, tudo converge à praça principal, cercada de galerias, onde todo primeiro domingo do mês acontece uma ótima feira de antiguidades.
Bom é rever o filme. Melhor é conhecer Arezzo!
Siena e sua famosa corrida de cavalos “Palio de Siena”
Siena foi a próxima cidade escolhida para visitarmos. Ela é uma das mais procuradas da Toscana, famosa pelo “Palio de Siena”, a corrida de cavalos que acontece somente duas vezes ao ano, e pela beleza dos seus dois edifícios símbolos: Palazzo Pubblico, que domina a maravilhosa Piazza del Campo, e o seu Duomo. Todas obras medievais, construídas entre os séculos 13 e 14, época áurea de Siena, quando era rica e independente de Florença.
Como já disse anteriormente, nas viagens às vezes acompanho a curiosidade de Lurdinha, que se interessa por tudo que se refere às coisas históricas e antigas. Entro nos prédios medievais, evidentemente, mas procuro os lugares iluminados, sento num banco para descansar, observo alguns pontos principais, mas nunca me concentro nos detalhes.
No entanto, a Catedral de Siena arrebatou meus olhares para obras, pinturas, esculturas que jamais havia visto em outros lugares do mundo. E olha que eu viajo há quase 40 anos.
A beleza começa logo pela fachada, representando os profetas, filósofos e apóstolos. O interior do Duomo guarda muitos tesouros criados por Pisano, Donatello e Michelangelo.
As listras alvinegras horizontais das colunas dominam a alma da catedral. O seu tom é sóbrio, mas no alto há um céu de estrelas. Os painéis coloridos abrandam um pouco a sobriedade da igreja, assim como o vitral que retrata a Última Ceia. No púlpito há cenas da vida de Cristo esculpidas por Pisano.
Uma das obras mais importantes e maravilhosas do Duomo de Siena é o seu piso de mármore, um dos mais bonitos do mundo.
Criado graças a um trabalho secular, que começa na Idade Média e termina durante o século 18, idealizado pelos maiores artistas da Toscana, como Sassetta e Domenico Beccafumi, além de pintor da Úmbria, Bernardino di Betto. São 56 painéis descrevendo cenas históricas e bíblicas, mas nem todos estão disponíveis para os nossos ávidos olhos.
Lucca, aos pés dos Alpes Apuanos
No dia seguinte, partimos em direção a Lucca, uma cidadezinha toscana mais interessante do que Pisa, pelo fato de ser mais confortável e menos frequentada pelos turistas. Localizada aos pés dos Alpes Apuanos, ela tem um centro antigo cercado por uma muralha intacta, sobre a qual é possível caminhar e andar de bicicleta. O destaque do seu centro histórico está na Piazza Anfiteatro, linda e exótica, cercada por casarões em tons pastel, considerada o cartão postal da cidade.
Montepulciano, pequena e charmosa, pra ficar na memória
Bem pertinho de Lucca, passamos por Montepulciano, uma daquelas cidadezinhas que fica na memória depois de visitada. Chegamos pela manhã e logo caminhávamos em direção ao seu centro antigo, onde todos se encontram. Ruas estreitas e becos que desembocam em mirantes que se abrem para o Val di Chiana, um vale que se estende de norte a sul entre Arezzo e Orvieto.
A cidade medieval fica localizada no alto de uma colina e se caracteriza por construções de pedra e edifícios da época do Renascimento.
Como a grande maioria das cidades toscanas, ela é pequena e charmosa, tem boas opções de gastronomia e um dos mais famosos vinhos da Itália. Ela ficou conhecida mundialmente por produzir o Vino Nobile di Montepulciano.
Março 2009