06/09/2021 às 15h27min - Atualizada em 06/09/2021 às 15h27min

A BRONCA DO CRIPA

Marcos Cripa - Jornalista
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Figura meramente ilustrativa - Reprodução Google
Isolamento
 
Sem projetos para o país, a não ser o de colocar armas de fogo na mão da população, e acuado por seguidas pesquisas eleitorais que apontam sua derrota na eleição de 2022, o presidente brasileiro contribui neste 7 de setembro para colocar mais gasolina no fogo da crise institucional que campeia o país devido a seu negacionismo ao processo eleitoral e aos constantes ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Insuflados por discursos diários, milhares de pessoas devem ir às ruas amanhã, Dia da Pátria, defendendo a ruptura das instituições democraticamente constituídas. Sem interlocutores gabaritados junto ao Judiciário e sofrendo derrotas no Congresso Nacional, o executivo isolou-se de tal maneira no Palácio do Planalto que procura com ameaças pirotécnicas balançar as estruturas políticas. Tomara que a democracia resista e o dia de amanhã não passe de misancene (jogo de cena) para aglutinar a tropa favorável ao governo que anda desunida há um bom tempo, já que é imensa a decepção com um governo que negou vacina à população quando poderia tê-la fornecido, elevou o gás de cozinha a R$ 100,00 e a gasolina a mais de R$ 6,00, além de ter colocado nas alturas o preço da energia elétrica e contribuído para aumentar de forma estratosférica o número de desempregados.
 
Que prevaleça a democracia
 
Aquele governo austero prometido pelo ex-capitão na campanha de 1998 esvaiu-se, evaporou-se em bravatas cotidianas contra inimigos invisíveis criados de forma beligerante. Mesmo que seja somente para “reunir a tropa”, os atos programados para amanhã trazem o simbolismo de severo ataque à democracia e ao estado de direito. Se antes o presidente e seus apoiadores haviam se apropriado do verde e amarelo em suas manifestações públicas, agora buscam trazer insegurança no 7 de setembro, como forma de fazer uma política separatista e de conflito, exatamente na data que marca a Independência do Brasil. Torcendo firmemente para que prevaleça a democracia. 
 
É preciso resistir à intenção da INB
 
Não bastasse a ameaça à democracia, o governo federal nos apresenta outra intranquilidade, agora à região de Poços de Caldas, com o anúncio da estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil) de transferir para a unidade de Caldas 1,1 mil toneladas de lixo nuclear (10 contêineres de material de uso operacional e 650 toneladas de Torta II – resíduo radioativo proveniente do tratamento químico do minério da monazita) que estão armazenados na unidade de Interlagos, na cidade de São Paulo. Nas décadas de 1980 e 1990, a exploração do urânio mostrou-se economicamente inviável e teve sua atividade paralisada tanto em Interlagos como em Caldas. Pretende-se, agora, juntar o material de Interlagos com as 12,5 mil toneladas de Torta II que já estão em Caldas acondicionadas em bombonas plásticas em galpões de superfície, e mais 2 mil toneladas dispostas a granel em 4 piscinas. Tudo que a população das cidades da região não deseja e alguns políticos estão se movimentando para que não aconteça.
 
Todo cuidado é pouco
 
Se se confirmar a visita do presidente da INB a Caldas nos próximos dias, é preciso mostrar a ele a indignação da população pela tentativa de transformar a unidade num amplo depósito de rejeito nuclear e apresentar estudos produzidos há décadas por técnicos especializados da Planta de Caldas, que indicam a necessidade de investimentos para adequar a unidade para abrigar somente os rejeitos que lá estão. Diz o estudo que, além de adequações estruturais, é de fundamental importância reembalar as bombonas plásticas em tambores metálicos para garantir o isolamento da Torta II. O plano chegou a ser encaminhado e foram comprados, há uma década, ao preço aproximado de R$ 15 milhões, 20 mil barris metálicos e cinco mil paletes. Os produtos encontram-se estocados em Caldas sem previsão de utilização. Portanto, são duas as ações: impedir a vinda de novos materiais para Caldas e readequar a Planta já existente. Outra preocupação, ainda maior, é o governo federal transformar Caldas em estação central de depósito de todo rejeito e lixo nuclear produzidos no país. O Brasil não possui até hoje um depósito único e a vinda da Torta II de Interlagos pode ser apenas a ponta do iceberg.
 
Questão de vida e dignidade
 
 Dois outros problemas sérios, mas de responsabilidade única e exclusivamente da prefeitura de Poços de Caldas tem sido: 1)- o comportamento dos motoqueiros no trânsito da cidade, e 2)- o abandono que eles enfrentam para exercer a atividade de motoentregadores. Quanto ao item um, a prefeitura bem que poderia intensificar atividades educativas para evitar novas mortes e acidentes. Já em relação ao segundo, não é possível que a categoria continue a sofrer fazendo suas refeições sentada em guias de sarjetas do centro da cidade. A implantação de unidades de parque pallet cobertos poderia contribuir para humanizar a atividade. Custa pouco, embeleza a cidade e dá dignidade aos trabalhadores envolvidos nessa atividade.



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