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13/08/2021 às 16h54min - Atualizada em 13/08/2021 às 16h54min

Em 2007 era uma aventura chegar até Dubai

Por Odair Camillo - Jornalista
FOTOS: Arquivo Brand-News
Em maio de 2007, quando a Emirates Airlines ainda não voava de Dubai para São Paulo, resolvi conhecer a capital dos Emirados Árabes Unidos, atendendo ao convite de Abdullah bin Suwaidan, diretor do departamento de Turismo, Comércio e Marketing do Governo de Dubai, que havia conhecido durante a ITB - a maior Feira de Turismo que anualmente é realizada no mês de janeiro em Berlim, Alemanha.
Durante o evento, do qual participei com Lurdinha - através do convite de João Moreira, então presidente da Confederação Brasileira de Convention & Visitors Bureau -, fiquei conhecendo o belíssimo estande da Emirates Airlines, que se preparava para iniciar ainda naquele ano, o voo ligando São Paulo a Dubai. De volta da Alemanha, verifiquei que na época a melhor maneira de se chegar à cidade seria através de um voo saindo de São Paulo até Johannesburgo, de lá até Doha, no Qatar, e finalmente de Doha até Dubai. Um voo de quase 30 horas.
Confirmei com Abdullah, via e-mail, que aceitava o seu convite e que chegaria no dia 22 de maio, e que ele providenciasse nossas acomodações num hotel conveniado com o escritório de Turismo.
O tempo foi passando, os bilhetes da South African Airlines já em mãos, a data de viagem chegando, mas nenhuma informação vinha de Dubai sobre a nossa hospedagem.
 
Reservando um hotel bem no centro da cidade
 
Foi quando resolvi entrar no Booking.com e reservar um hotel na parte histórica e central de Dubai. Nessa época, o visto de entrada era fornecido pelo próprio hotel. Pelo menos era a informação que tinha.
Tão logo era feita a reserva, você recebia, via e-mail, o voucher da reserva e o seu visto. Tudo muito rápido e simples. Só que eu não sabia que o mesmo era enviado unicamente por hotéis de categoria, tipo cinco estrelas, e conveniados com as autoridades alfandegárias do governo - e o hotel que eu havia feito a reserva, o New Penninsula Hotel, era de categoria turística três estrelas.
Só sei que o dia da viagem chegou, e eu não havia recebido o tão esperado visto. Mas decidi viajar assim mesmo. Seria o que Deus quisesse!
A viagem, apesar de demorada, foi tranquila. Na época, a South African Airlines tinha trocado parte de sua frota, e as aeronaves eram novas e de última geração.
Após algumas horas em cada escala de aeroporto e mais um tanto sentados nas poltronas da classe Econômica, chegamos à tão famosa capital dos Emirados Árabes Unidos.
Dubai projetava-se no mundo turístico como uma das cidades mais ricas do planeta. Nesse ano, o Aeroporto Internacional de Dubai já era um polo de aviação e de transporte de cargas no Oriente Médio, por onde havia passado pelos corredores do aeroporto, 34.340 milhões de passageiros, volume superior aos 33 milhões projetados para aquele ano.
 
Chegando sem o visto de entrada
 
E como não poderia ser diferente, ao chegarmos no guichê alfandegário sem os vistos de entrada, fomos conduzidos, educadamente, para um salão destinado a visitantes que, de alguma forma, tinham algum problema na sua documentação.
Interrogado por um jovem, usando turbante e uma túnica muito branca - traje típico dos povos árabes -, informei a ele o que havia acontecido. Disse ainda que até o momento do embarque em São Paulo, não havia recebido a documentação do hotel, mostrei-lhe a reserva com o pagamento, os e-mails trocados com o Departamento de Turismo de Dubai, e que naquele momento solicitava sua preciosa ajuda, entrando em contato com aquelas autoridades. Entreguei-lhe também o cartão de visitas de Abdullah que portava comigo, com todas as informações para contato, solicitando que o oficial falasse pessoalmente com ele.
O jovem acolheu minha sugestão e mandou que esperássemos numa sala ao lado. Meia hora depois, éramos liberados para entrar e conhecer a belíssima Dubai.
 
Uma cidade ainda em obras

 
O Aeroporto Internacional de Dubai já oferecia, na época, fácil acesso às principais regiões hoteleiras da cidade. Ele está localizado bem próximo à parte antiga, a apenas 8 km do centro histórico. Até downtown - onde estão hoje o Dubai Mall e o Burj Khalifa - são 13 km de distância passando pela belíssima Sheikh Zayed Road. Para a Dubai Marina, o percurso é de aproximadamente 30 km. Passei ao motorista o endereço e em menos de 20 minutos ele nos deixava no New Penninsula Hotel, localizado numa rua movimentada, bem no centro da cidade.
 
Dubai é um dos sete emirados que compõem os Emirados Árabes Unidos. Uma federação que foi constituída em 02 de dezembro de 1971, sob o comando do grande líder político Sheikh Zayed Al Nahyan, já falecido. Embora muito pequeno, este território está situado na Península Arábica e faz fronteira com Arábia Saudita e Oman, sendo banhado pelo Golfo Pérsico e o Golfo de Oman. Essa região é marcada por muito luxo e algumas coisas curiosas. O primeiro ponto a se destacar sobre Dubai é que ela é a cidade mais populosa dos Emirados, repleta de hotéis sete estrelas ao longo do Mar do Golfo e com uma população grande de estrangeiros.
Algumas construções de Dubai são tão luxuosas que contam com acabamento em ouro 24 quilates nas paredes. Outro ponto é que a cidade tem uma estação artificial de esqui que funciona em pleno calor desértico da região, que chega a alcançar a marca dos 40 graus. Além disso, também tem ilhas artificiais e diversas belezas para a apreciação dos turistas.
 
Mas, sem dúvida, o ícone de Dubai é o famoso hotel de sete estrelas Burj Al Arab. A verdade é que, oficialmente, nenhum hotel pode ter mais que cinco estrelas. A classificação de sete estrelas pode ser um mito urbano que se espalhou pelo mundo, mas nenhum outro hotel é mais famoso que este.
O Burj Al Arab foi inaugurado em 1999 e construído no formato de uma vela de um barco, sobre uma pequena ilha artificial montada especialmente para ele na costa do Golfo Pérsico. Burj, em árabe, significa torre. Ele é o símbolo da opulência que colocou Dubai como fenômeno do turismo de luxo mundial e virou um ícone da transformação urbana e econômica no país inteiro. Os turistas que chegam a Dubai não podem perder a oportunidade em dar uma passadinha pelo hotel e apreciar essa bela construção árabe. O Burj Al Arab exibe uma arquitetura luxuosíssima, tem até detalhes em ouro na sua decoração interior.
 


 
Confesso que fui pretensioso demais ao escolher o Burj Al Arab
 
Lembro-me que, logo depois das tratativas com Abdullah sobre a viagem, o Departamento de Turismo enviou-me uma relação dos hotéis com os quais mantinha convênio para receber os jornalistas convidados a conhecer Dubai. E que eu escolhesse o de minha preferência.
Entre quase uma dezena de estabelecimentos conveniados, abria a lista o famoso Burj Al Arab. Evidentemente que eu assinalei com um X o sete estrelas em forma de uma vela de embarcação. Enfim, estava a um passo de conhecer, e me hospedar, sem qualquer ônus, em um dos mais famosos hotéis do mundo.
Mas, como em tudo há um “mas”, a resposta veio no dia seguinte, informando que infelizmente, para a data escolhida, o hotel estava lotado, mas que eles providenciariam um outro, tão excelente quanto, e que eu e Lurdinha certamente ficaríamos muito bem alojados. Mas não informaram o nome do hotel. Tudo bem!
Depois do check-in no New Penninsula, e alojados confortavelmente no terceiro andar do antigo e restaurado edifício da Al Fahidi Street, saímos para dar uma caminhada pelas ruas próximas, sempre repletas de muitos turistas e locais.
Dubai é um paraíso para quem gosta de compras. Prova disso, é que o maior shopping do mundo, o Dubai Mall, com 1.2 milhões de metros quadrados, está localizado na cidade. Mas nem só de shopping vive o mundo das compras em Dubai. Na cidade existem também os souks, que são mercados árabes tradicionais onde você pode encontrar tecidos, perfumes, especiarias, ouro, entre muitas outras coisas. Eles ficam concentrados na região conhecida como Creek, originalmente o local em que os barcos de pérolas ficavam atracados e partiam em missões para descobrir joias nas profundezas do golfo. Foi ali onde a cidade de Dubai nasceu.
 
O fascínio de um Mercado Árabe
 
Apesar de a cidade ser conhecida como uma metrópole moderna, os mercados árabes tradicionais continuam a ser uma parte crucial do dia a dia comercial. Um passeio por entre os souks animados de Dubai é uma experiência essencial tanto para visitantes como para locais. Os vendedores fazem tudo pra você levar uma mercadoria. Quando a negociação começa, é um jogo de números nas calculadoras. O vendedor mostrando o preço mínimo que pode fazer e nós, o preço máximo que queremos pagar. No final, tudo dá certo e a gente sai feliz da vida com nossas compras.
 
A surpresa aconteceu no dia seguinte
 
Naquela noite, no Pennisula Hotel, já deitado, comecei a imaginar o que de errado poderia ter acontecido. Até então, nenhuma notícia do Abdullah, que nos prometera apoio durante a nossa estada na cidade. Estávamos praticamente perdidos numa grande e desconhecida metrópole, sem saber o que fazer, e onde ir. Não havíamos planejado essa viagem, como sempre o fazíamos com outros destinos. Quando decidíamos viajar para um país estranho, estudávamos sobre seu povo, seus costumes, sua gastronomia e, evidentemente, sobre as suas atrações turísticas. Condições básicas para se fazer uma boa reportagem sobre o destino visitado. Com relação a Dubai, ignorava-a quase completamente.
Porém, no dia seguinte, quando ainda servíamos do café da manhã, fomos procurados pelo concierge do hotel que nos comunicou que havia sido entregue naquele instante uma mensagem por um funcionário do Departamento de Turismo local, e que a mesma estava à minha disposição na recepção.
Terminei rapidamente a pequena refeição e me dirigi à portaria. Solicitei a entrega da mensagem, em cujo cartão timbrado com três logos, estava o nome de Abdullah bin Suwaidan, escrito em negrito, e a sua função: Deputy Director, Inward Missions, e logo abaixo, a tão esperada mensagem: “Por favor, faça o check-out do seu hotel e prepare-se, que dentro de duas horas, nosso motorista irá pegá-los e trazê-los para o Grosvenor House Dubai Marina”. A assinatura era de Abdullah.
 
Suspirei aliviado!
 
Em seguida, enquanto Lurdinha subia até o nosso apartamento para arrumar as malas, eu iniciava com o gerente do hotel a grande tarefa de persuadi-lo a devolver parte do pagamento que havia feito quando da reserva das sete noites. Por fim, ele concordou em devolver um terço do valor recebido.
Na hora combinada, estacionava defronte o hotel uma Mercedes Benz, Classe C, com os mesmos logos do cartão apresentado pelo Abdullah. Malas no bagageiro e estávamos prontos para nos hospedarmos no Grosvenor House. Depois de meia hora, apreciando belas imagens ao longo da rodovia, chegamos ao nosso destino. Nosso motorista teve que aguardar alguns minutos, enquanto duas Ferraris também eram atendidas pelos funcionários encarregados das bagagens. Descemos em seguida e procuramos nos refugiar no hall do suntuoso edifício.
Acredito que o termômetro deveria estar marcando na rua naquele momento, aproximadamente 40 graus.
 
Maio de 2007
 
O Hotel Burj Al Arab é o principal ponto turístico em Dubai. O primeiro desejo de qualquer pessoa que está em visita aos Emirados Árabes é conhecê-lo internamente. No entanto, para os não hóspedes, somente com uma reserva num dos sete restaurantes e bares é que se pode entrar.
Brand-News foi especialmente convidado a visitá-lo em 2007, em companhia de Jamal Youssef, um dos coordenadores do ATM-Arabian Travel Market, uma das mais bonitas feiras de turismo do mundo

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