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Ecos patagônicos

Lauro A. Bittencourt Borges - cronista gastronômico, viajante compulsivo e membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista
22/04/2025 15h37 - Atualizado há 1 dia
Ecos patagônicos
Lauro e Josi Borges no Parque Nacional Torres del Paine

 

Um sonho de anos, enfim realizado: duas semanas de viagem de carro pelo extremo sul das Américas. Entre montanhas, geleiras, desertos frios e estradas infinitas, cruzamos a Patagônia argentina e chilena em pleno começo de outono, quando o termômetro já acusa, com mais força, a proximidade do inverno. Durante todo o périplo, a temperatura não passou dos 12ºC. Foram dias de encantamento contínuo, com paisagens que multiplicam adjetivos e dizem mais que qualquer palavra.

 

Torres del Paine
Em Torres del Paine, a exuberância da natureza se impõe diante da magnitude das formações rochosas e dos lagos azuis-esverdeados, lembrando que a preservação ambiental e o turismo sustentável são essenciais para manter intocado um dos lugares mais lindos do mundo. Ao chegar ali, neste começo de outono, não economizei nas exclamações - que lugar é esse! Um parque patagônico de beleza espantosa, onde cada singularidade encanta como um assombro gigantesco e silencioso.

 

Perito Moreno
A formação atual de Perito Moreno tem 18 mil anos - é um dos raros glaciares do mundo que ainda resiste à lógica do derretimento constante. Avança, recua, mas permanece. Teimoso como os andinos. Forte como os patagônicos. Valente como os mapuches. Ou como os dois fonteplatiners que ali estavam, desafiando a distância, o frio e a correria moderna só para ver de perto o que o tempo - aquele que tudo leva - resolveu, naquele rincão do fim do mundo, preservar. E assim, entre estalos de gelo rompido e silêncios cheios de assombro, Lauro e Josi descobriram que há paisagens que não se contemplam apenas com os olhos, mas também com a alma.

 

Rutas 40 e 23
A estrada entre El Calafate e El Chaltén é uma travessia pela vastidão da Patagônia - linda, árida, quase lunar. O asfalto da mítica Ruta 40 corta planícies ladeadas por formações rochosas monumentais. Não há pastos, nem plantações, nem cercas que limitem a paisagem: só o deserto frio, o céu imenso e o silêncio desolador. A única vida que se vê são os guanacos - solitários, altivos, indiferentes à presença dos carros. Por vezes, nos assustamos com eles, velozes e elegantes, cruzando perigosamente a carretera. E, quando tudo parece inóspito, sem promessa do término das retas monótonas, lá no horizonte irrompe o Fitz Roy, como uma escultura de pedra e gelo. A imagem que ilustra este tópico foi feita ali mesmo, da Ruta 23, no segundo trecho do trajeto, pouco antes da chegada a El Chaltén - como se a montanha estivesse esperando, paciente, o fim do percurso de 215 quilômetros.

 

Fitz Roy
No terceiro e último dia em El Chaltén, viva!, o céu enfim abriu. Não muito, é verdade - mas o suficiente para que ele aparecesse: o imponente Fitz Roy. E uma boa foto não acontece sem esforço. Outra vez, saímos cedo, sob 2ºC, montanha acima. Passo a passo, respiração curta, dedos frios. O gigante de pedra, ícone da Argentina, da Patagônia, do trekking, da fotografia. Finalmente, o Fitz Roy!

 

Punta Arenas
Diante do Estreito de Magalhães, vejo in loco aquilo que aprendi nas aulas de Geografia: a estreita e histórica passagem que, em 1520, permitiu a Fernão de Magalhães ligar o Atlântico ao Pacífico, abrindo uma rota vital para a navegação mundial - de Punta Arenas, contemplo não só uma paisagem, mas um capítulo vivo da História. É a cidade mais ao sul do planeta com mais de cem mil habitantes.


Mais fotos e vídeos da viagem no Instagram do colunista:
https://www.instagram.com/lauroborges/

 

 

 

*O Brand-News não se responsabiliza por artigos assinados por nossos colaboradores


FONTE: Instagram: @lauroborges
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