“O próximo!”
Jornalista, publicitário, escritor e professor universitário
23/12/2024 13h40 - Atualizado há 1 mês
Foto meramente ilustrativa - Reprodução Google
Concordamos: ser médico não é tarefa fácil.
Atender pessoas quando a saúde e, por vezes, a vida corre riscos, exige do profissional, além de conhecimentos técnicos, muita sensibilidade.
Usualmente, o médico atende centenas de pessoas durante o mês, por vezes finais de semana e feriados, sem hora marcada em momentos de emergência.
Com o tempo e no exercício da profissão, até para preservar suas emoções, a maioria, infelizmente, começa a atender de forma mecânica automática, robótica. Cada paciente é igual a todo mundo.
Lembro-me, em uma consulta médica, escutar a atendente no consultório gritar:
- O próximo!
Ninguém tinha nome ali. Éramos apenas, tão somente, o “próximo”.
Mas, e o paciente?
Usualmente, aguardando por horas, para ser atendido, em um momento de sofrimento e incertezas.
Assim, além da cura, o paciente espera que o médico seja cordial, educado, atencioso e paciente (rs). Humano, resumidamente.
A pergunta é: como equacionar a vida estressante do médico com as necessidades do paciente?
Claro, em um sistema de saúde tão complexo, não existem receitas prontas e não adianta ter a “bula do atendimento perfeito” nas mãos.
Contudo, e sem desejar esgotar o assunto, a reflexão é necessária para não “normalizar” o problema.
No princípio, penso, está a quantidade x qualidade. Se torna extremamente difícil, senão impossível, manter a qualidade no atendimento, se a quantidade de pessoas a serem atendidas for desumana.
É necessário que o médico, no particular, e o Sistema, no público, estabeleçam um número máximo adequado de pessoas a serem atendidas, analisando variáveis de cada situação.
Além disso, treinamento, dinâmicas, encontros e ações diversas para “lembrar” ao médico, periodicamente, que existe um ser humano, tão igual a ele, desejando ser atendido com o mínimo de atenção e respeito.
Existem muitas outras atitudes que especialistas no assunto, poderiam acrescentar com muito mais propriedade, pois, sou apenas um observador do comportamento humano.
Por falar nisto, necessário enfatizar. Humanização é o primeiro passo para a cura do “próximo”.
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