Vô e num vô

Jornalista, publicitário, escritor e professor universitário
06/01/2025 15h03 - Atualizado há 3 semanas
Vô e num vô
Foto meramente ilustrativa - Reprodução Google

 
Chega um tempo, muitas vezes, quando já viramos avô/avó, em que a vida se divide em duas partes apenas, mineiramente falando: o vô e o num vô.
Trocar a comodidade, o conforto, o aconchego, o “abraço” da nossa “caverna”, por uma festa, um show, uma cerimônia, enfim, um evento qualquer, se torna cada vez mais difícil.
Dirão “você está ficando velho” e talvez até tenham razão, já que a idade nos lega a sabedoria do “déjá-vu”, ou seja, a ideia, que pode ser equivocada, de já ter vivido uma situação que apenas se repetirá.
Por vezes, a resposta é afirmativamente negativa para uma pergunta simples.
-Vai ter muita gente?
- Vai.
- Ah, então, num vô!
 
Excetuando-se momentos imperativos para a nossa presença, como na partida de alguém muito próximo, preferimos encontros “à moda da casa”, usualmente com velhos amigos, para uma pitadinha de prosa em uma mesa com comidinhas e bebidinhas. O “inha” aqui é sintomático, pois, evitamos vivenciar o “ão” atrelado à multidão, falação, badalação, confusão.
Tudo o que é muito, nos cheira pouco. Verdadeiramente, a vida se torna minimalista: menos é mais. Menos pessoas, mais alegria verdadeira, mais encontros sinceros, mais profundidade nas relações.
 
Assim, passadas as festas de final de ano, vem aí a maior festa brasileira, a maior alegria geral, o Carnaval: a Portela, o Salgueiro, a Mangueira, a Vai Vai...
Num vô.
 
 
 


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