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19/07/2024 às 15h24min - Atualizada em 19/07/2024 às 15h24min

Carta ao meu filho. (Se eu tivesse um)

Beatriz Aquino - Atriz e escritora
[email protected]
Foto: Divulgação/Reprodução Google

 
Meu bem, não é que o mundo seja cruel, mas eu preferiria que você aprendesse uma arte marcial. Dessas que te fazem imobilizar gigantes e saltar muros de prisões modernas. Outra coisa, aprenda também a correr. Saber correr é indispensável. Nunca se sabe quando as circunstâncias vão exigir o bom funcionamento dos teus pulmões.
 
Aprenda a passar roupa, ou ao menos a passar uma camisa para usar numa entrevista de emprego ou em um velório. E enquanto nesse último, não diga nada aos familiares. Não há nada mais cafona do que frases de efeito. Aprenda também a andar com a cabeça erguida, escove sempre os dentes e vez outra tome um porre. Não nada mais sedutor do que um homem com dentes limpos e história pra contar.
 
Toque um instrumento, decore uma música. Porque mesmo desafinando é preciso saber passar pela vida cantando. E pelo amor de Deus, dance. Dance com seus braços, com suas coxas, seus quadris, seu cóccix, seu terceiro olho. A dança é o bom humor nos ossos. E é tão fascinante um homem bem humorado...
 
Se apaixone quantas vezes for preciso. Diga eu te amo outras tantas. Mas não gaste essa frase. E nunca adquira o hábito preguiçoso de virar um cafajeste. Caso isso aconteça, negue até a morte. Não há nada mais patético do que um cafajeste assumido.
 
Plante uma árvore, ou pelo menos deite na grama da praça num dia de domingo sem se preocupar com a opinião dos passantes.
 
Pague suas contas em dia, mas se a coisa apertar, não tema em demasia ter o seu nome constando no Serasa ou no SPC. A maioria das dívidas caducam em cinco anos. A culpa sobre os desastres que causamos no peito do outro também.
 
Arrume uma mulher boa. Mas que tenha opinião sobre a vida e que vez ou outra te coloque no teu lugar. É bom ter alguém para lembrar o tamanho que somos.
 
E finalmente viva. De qualquer forma. De trás pra frente, de cima pra baixo, de baixo pra cima. Pois viver é ainda uma das melhores coisas que inventaram. Melhor que pão com manteiga, melhor que o bolo de chocolate da padaria da esquina.
 
Viver meu filho, é uma linda e perigosa aventura. A fascinante aventura do ser. E tudo o que uma mãe quer nesse mundo, é que seu filho seja.
 
 
 



 
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