12/07/2024 às 14h22min - Atualizada em 12/07/2024 às 14h22min
It’s seven o’clock, baby
Beatriz Aquino - Atriz e escritora
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It’s seven o’clock, baby. Acordei cedo para buscar respostas. Fazem longos minutos, quase uma hora que estou olhando para a tela. E é difícil porque não possuo nenhum vício. Nenhum cigarro, nenhuma dose de bourbon - acho tão chique falar bourbon -, nada que tire o elefante de cima do peito. Então fica essa coisa entre as palavras e eu, cada um de um lado do ringue. E elas riem do meu despreparo porque apesar de sentir, preciso delas para dar cabo disso. Não, ainda não aprendi outras formas de grunhir e por isso sigo nessa corda bamba. Eu e o equilibrista entre os prédios em meio a cidade adormecida e seus cinzeiros cheios de história. Eu e a moça que vende rosas no restaurante mais sujo da cidade, eu e o menino atrás dos vaga-lumes, o astrofísico que mede as estrelas, eu e o homem do bar que prepara o café. Todos nós buscamos por palavras.
It’s seven o’clock e você dorme. E logo mais vou admirar o modo com que acorda, os cabelos ainda cheios de ingenuidade, o corpo ainda morno e ausente das coisas.
Você não liga para a moça que vende rosas no restaurante mais sujo da cidade. Você nem lembra dela. Mas gosta quando falo do menino que persegue vaga-lumes.
Domingo é um dia longo e não sabemos como nos comportar. Que mistério irá nos visitar o peito entre o café da manhã e a última hora da tarde.
Semana passada os raios de sol formaram um desenho bonito por entre as árvores. E é tudo que sei daquele domingo. Acorda. Vamos ao jóquei ver os cavalos, saltar de asa delta, escalar uma montanha. Ou só ficar deitado de barriga pra cima dando nome as nuvens. É preciso ir alto, meu caro. Os elefantes não sabem voar, é verdade.
Mas entendem muito de alpinismo. *O Brand-News não se responsabiliza por artigos assinados por nossos colaboradores