26/01/2023 às 15h44min - Atualizada em 26/01/2023 às 15h44min

Quando eu crescer...

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Quando eu era uma pequena flecha e meus pais um arco, que também não era grande, é claro, pois a flecha era pequena; talvez o alvo fosse ali, bem perto, no caule da bananeira.
Um trajeto curto que possibilitava os acertos.
O amor mirava os acertos.
Eu, flecha pequena, gostava.
 
O tempo foi passando e eu, flecha maior, fui adaptando alguns arcos que me atirassem um pouco mais além.
Errei o alvo algumas vezes e me machuquei.
Aprendi a me machucar.
Assim, fui descobrindo o meu jeito de ser.
Descobri também, que muitos dos voos que imaginava, não eram exatamente ultrapassar os limites das bananeiras.
 
O arco e a flecha, hoje eu sei, miravam sim, outros alvos.
Meus pais, com sua simplicidade, tiveram a grandeza de me deixar descobrir sozinho os alvos que, nem sempre os olhos enxergam!
Então, eu vivi a vida, vivi muitas vidas...
Envelhecido, voltei a ser flecha pequena.
Sem meus pais, eu não sei o que vou ser quando crescer.

 


 
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