Quarenta e seis anos atrás. Nós morávamos em Belo Horizonte. Cabelos compridos, escuros, barba espessa. Era época de cabelos compridos. A gente se dava a liberdade de ser assim. A juventude de todas as épocas se dá a liberdade de ser do jeito que se quer ser. Aí a gente vai envelhecendo e alguns conceitos, mutantes que são, vão mudando o jeito da gente. O envelhecimento vai furtando a liberdade e uma tal de maturidade vai descolorando sutilmente a visão. A barba escura vai se pintando de nuvem ou de neve e os cabelos se tornam rebeldes e vão indo embora, fio por fio, até que se tornam parcos e brancos. Um dia a gente se vê numa foto qualquer, bonito ou feio, não importa, porque a gente se lembra mesmo é daquele tempo que a gente era do jeito que a gente queria ser. Hoje, kkkkkk... A gente é do jeito que sobrou da gente...
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