C "A vida é um inventário de perdas". Essa frase me foi dita há muitos anos. A verdade é que, eventualmente, eu me lembro dela.
Uma parte de mim envelhece, perde o viço. Já não me obedece, reclama. Às vezes cansa, entristece. É assim mesmo. Quem disse que as perdas alegram?
Outra parte de mim, não. Ela se esconde na personagem, na maquiagem e na roupagem da imaginação. Ela tem o poder da transfiguração. Ela se faz contemplativa e sonhadora como sempre fora. Assim, representando, ela se faz jovem.
Minha parte envelhecida a recrimina. A outra parte de mim nem liga. Ela se deixa enlevar por suas pequenas loucuras, sem medos e sem mensurar os riscos, fazendo vicejar o mundo que não envelhece em mim.
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