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25/07/2022 às 15h05min - Atualizada em 25/07/2022 às 15h05min

Um dia para o escritor, um dia para a literatura

FONTE: Assessoria de Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie - FOTO: Reprodução Google
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Muitas pessoas se perguntam sobre a importância da literatura nas nossas vidas. O escritor italiano Italo Calvino, por exemplo, em seu livro Seis propostas para o próximo milênio (Companhia das Letras, 1990), dizia que confiava no futuro da literatura porque sabia que existem coisas que apenas ela pode proporcionar aos seres humanos. O professor e crítico literário Antonio Candido, por sua vez, achava a literatura tão importante que, em 1988, publicou um texto no qual afirma que o direito à literatura devia fazer parte dos direitos humanos, uma vez que ela é uma manifestação artística imprescindível à nossa sobrevivência, pois garante nossa própria humanização, fortalecendo-nos individual e coletivamente.
 
Se a literatura tem esse papel tão fundamental em nossas vidas, não podemos nos esquecer daqueles que são os responsáveis por fazer com que ela chegue a nós, os escritores e as escritoras que, ao longo do tempo, vêm garantindo que mergulhemos em universos longínquos, que experimentemos outras culturas e modos de vida, que olhemos para o mundo de uma maneira diferente. Afinal, a literatura não é apenas um uso comunicativo da língua, mas também um uso criativo desta: os escritores tomam a palavra como matéria-prima para a criação, a invenção, a ficção. E, articulando criatividade e comunicação, nos presenteiam com narrativas, poemas e textos dramáticos que nos permitem conhecer outros tempos e espaços, outros modos de convivência, outras práticas sociais.

É por isso que se comemora no Brasil, no dia 25 de julho, o Dia Nacional do Escritor, como uma forma de homenagearmos aqueles e aquelas que, desde que começamos a nos perceber como seres humanos, preenchem nossas vidas e nossa imaginação com suas personagens, histórias e imagens. Em minhas memórias mais longínquas, encontro um jardim com flores, passarinhos e seus ovos azuis, um caracol e um raio de sol. Essas imagens me chegaram ainda pela voz de meus pais, quando eu não dominava a leitura para conhecer as palavras de Cecília Meireles e seu “Leilão de jardim”, mas nunca me abandonaram. Foi um pouco depois, dessa vez já me arriscando na leitura, que conheci um grande companheiro de infância, um fantasminha que tinha medo de gente e comia pastéis de vento, meu querido Pluft, surgido da sensibilidade e criatividade da dramaturga Maria Clara Machado. E o que dizer daquela turminha maravilhosa que me acompanhou por muito tempo quando eu já dominava a leitura e me aventurava por narrativas mais extensas? Eu conheci a vida no Sítio do Picapau Amarelo e sonhei com as histórias que Dona Benta contava para Narizinho, Pedrinho, Emília, o Visconde de Sabugosa, viajei com Hércules e Dom Quixote, me diverti com a gramática e a matemática, me assustei com a Cuca, tudo isso graças à fértil imaginação de Monteiro Lobato.

Esses escritores e escritoras abriram as portas do meu mundo para uma infinidade de outros mundos, que continuaram a se expandir enquanto eu me aproximava, cada vez mais, dos livros: Pedro Bandeira, Lúcia Machado de Almeida e Fernando Sabino marcaram minha entrada na adolescência, e foram seguidos por tantos outros, como Machado de Assis, Clarice Lispector, Jorge Amado, isso para citar apenas alguns autores nacionais cujos livros se tornaram presentes em minha cabeceira por vários anos. Graças a eles, mergulhei de cabeça na literatura, que acabei escolhendo como caminho profissional.

O historiador e ensaísta búlgaro Tzvetan Todorov disse uma vez que ama a literatura pois ela o ajuda a viver. Eu posso dizer o mesmo, e ainda complemento: amo a literatura e amo também os escritores e as escritoras que a tornam acessíveis a nós, leitores. Sem esses homens e mulheres que compartilham conosco suas palavras, sua criatividade, suas experiências, sua sensibilidade, o mundo seria mais pobre, mais triste, mais estreito. Homenageá-los com uma data específica é um modo de celebrar sua existência e, também, a da própria literatura em nossas vidas.
 
Por Maria Elisa Rodrigues Moreira - Professora do programa de Pós-Graduação em Letras e do curso de Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

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