24/03/2022 às 16h02min - Atualizada em 24/03/2022 às 16h02min

Vocação Empreendedora

FONTE: Imprensa FLE - [email protected] - FOTO: Reprodução Google
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O maior valor de uma sociedade vem de sua capacidade de empreender. Sabemos que esta é uma das características típicas do brasileiro. É possível que, por sermos uma terra de imigrantes e vivermos em um país tão adverso e difícil, desenvolvemos a capacidade de tentar e da tentativa surgem as grandes iniciativas e ideias, além de incríveis histórias de superação. Esta pandemia mostrou que mais do que apoio do governo, descobrimos que a nossa maior fortaleza está em nós mesmos e em nossa capacidade de resiliência.

O número de empresas abertas no Brasil chegou a 4,026 milhões em 2021, crescimento de 19,7% em comparação com o ano anterior. Essa foi a maior quantidade de companhias criadas no país em 1 ano. O resultado deixa claro que os brasileiros não esperaram por ações do governo para superar as dificuldades econômicas criadas pela pandemia. O caminho escolhido foi se tornar responsável por seu próprio futuro e fazer destes tempos difíceis um novo começo.
 
Em Minas Gerais não foi diferente. Mas Minas foi além. Nosso estado viu o número de empresas crescer 32,38%. O foco foi o setor de serviços, estrela do empreendedorismo em tempos de pandemia. No comparativo aos últimos dois anos, Montes Claros se destacou com o maior crescimento, 41,7%, seguida de Divinópolis, 39,4%, Uberaba, com 35,3%, Juiz de Fora, 34,5% e Uberlândia, 21,5%. No último ano, Belo Horizonte se sobressaiu com 33,05%: foram 18.595 novas empresas.
 
Contudo, o país ainda se mostra um local hostil para nossos empreendedores. No ranking de liberdade econômica publicado anualmente pela Heritage Foundation, o Brasil ocupa um nada honroso 133º lugar em escala global e 26º entre 33 países nas Américas. Nosso país está na categoria das nações com maiores restrições para se empreender, mantendo uma incômoda estabilidade nos últimos cinco anos entre as nações com menor liberdade econômica.
 
Percebemos que conseguiríamos avançar muito mais e evitar os problemas econômicos que o país enfrenta se tivéssemos leis menos restritivas, que não evitassem nossos empreendedores de gerar riqueza e empregos. Infelizmente, as reformas necessárias ficaram pelo caminho, enquanto interesses de castas de privilegiados falaram mais alto do que a necessidade de nosso povo de trabalhar, empreender e fazer o país crescer.

Certamente há muito por fazer, mas sabemos que possuímos o ativo mais importante para a virada, que é a capacidade empreendedora de nosso povo. A pandemia mostrou que a vocação empreendedora do brasileiro foi responsável por segurar nossa economia nos momentos mais difíceis e com as políticas certas, reduzindo a interferência e o peso do governo, pode se tornar facilmente no mais eficiente instrumento de recuperação econômica no pós-pandemia.
 
Cabe ao país não retroceder, evitando a sedução por políticas ultrapassadas e restritivas, assim como medidas populistas que se apresentam com uma nova roupagem. Ambas representam caminhos superados que devemos abandonar. Para encarar o futuro que se apresenta e colher os frutos do empreendedorismo brasileiro, precisamos atacar a corrupção, reformar leis arcaicas e mirar em um modelo de governança moderno longe dos populismos que insistem em nos assombrar. A opção preferencial pela riqueza está diante de nós.
 
 
Márcio Coimbra - Presidente da Fundação da Liberdade Econômica e Coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal

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