Como disse certa vez, escrevo para azarar a sorte, para não morrer de silêncio. Posso declarar-me um apaixonado pelas palavras, com a certeza de nem sempre ver esse amor correspondido.
Por incontáveis oportunidades, não sei o que dizer, nem como expressar determinado sentimento ou pensamento. Mas, nesses momentos, vale o desejo de encontrar um verbo, um adjetivo, na busca incansável por construir uma frase que reflita a minha verdade.
Tenho plena consciência dos erros que estou sujeito a cometer, quer seja por um pensamento mal elaborado, uma frase mal construída, ou até pelo meu “português ruim”.
Sei do crime doloso de uma ironia fugaz, um trocadilho infame, ou de uma brincadeira com as “coisas sérias deste mundo”.
Mas, ainda “prefiro um erro que me divirta, a um acerto que me entristeça”, como disse Shakespeare.
Prefiro continuar no pecado da palavra, que na inocência da omissão.
A expressividade simbólica de um sapato atirado, que a clausura obrigatória da gravata apertada no pescoço.
O erro dos que dizem, dos que exprimem, dos que gritam, ao presumível acerto daqueles que nada fazem pelo medo de errar.
Prefiro arriscar o salto, que continuar pisando em terra firme.
A rebeldia da juventude que a sabedoria dos monges.
A busca, que o encontro.
A dúvida, que a resposta.
A caminhada, que o destino.
A escuridão da noite, que o raiar do dia.
“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Prefiro Raul a Paulo Coelho.
*O Brand-News não se responsabiliza por artigos assinados por nossos colaboradores