Confesso. Não há nada de inovador no texto que talvez seja lido na íntegra, por você, incauto leitor. Ele é mais um entre tantos a falar sobre um tema já exaustivamente comentado nos dias atuais: o impacto dos aparelhos celulares em nosso cotidiano.
É visível e notório.
Basta olhar em qualquer lugar onde pessoas compartilham os mesmos espaços, horários e situações. Há uma única constatação.
A maioria das pessoas não está no local onde se encontra fisicamente O celular as transporta para outros espaços, pessoas e experiências.
No restaurante, um casal aguarda o jantar. O homem acessa uma página de investimentos financeiros. Já a mulher conversa em tempo real com uma amiga de infância que, hoje, reside na Inglaterra. O casal está junto, mas o celular os separa. No mesmo momento, em outra parte do mundo, um adolescente chega em sua casa, mal olha para os pais na sala e sobe apressado para o seu quarto. Fecha a porta e de posse do celular adentra outros "quartos" de outras "famílias", onde inexiste paternidade biológica.
Os exemplos são inúmeros. A toda hora, em qualquer lugar, o celular se torna a continuidade das mãos. Na era digital, somos todos, meros hologramas, vivendo o metaverso de um universo criptográfico. Somos coisas na Internet das Coisas vivendo (?) a (i)realidade virtual.
Não estamos onde estamos.
Contudo, a chuva ainda cai do céu e os homens, para se protegerem, abrem um instrumento muito antigo, o guarda-chuva. A Lua, na morada do Sol, ainda é a mesma e o rio teima em abraçar o mar. A semente faz nascer o fruto e, na maternidade, um menino nasce, a nos recordar que, apesar dos celulares, somos seres biológicos, resultado da mesma forma milenar de concepção.
A tecnologia que, por vezes, nos prolonga a vida, ainda não explica a morte.
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