Nem todos os cronistas sociais têm a elegância de Cláudia Camillo, herdeira da pena estilosa de sua mãe, Lurdinha. Aliás, poucos possuem seu bom gosto ao abordar os círculos humanos da cidade. Enquanto a distinta colunista narra os enlaces com classe e sutileza, há quem prefira um olhar mais terreno - e, por vezes, debochado - sobre os acontecimentos da sociedade. É nesse espírito que este escriba, sem o refinamento de Cláudia, mas munido de curiosidade e faro para o insólito, traz os bastidores do casamento mais comentado da temporada.
Depois de treze anos de um conturbado namoro, o empresário Carlos Alberto Vanderbilt, o Betinho da Borracharia, contraiu núpcias com a balconista Sandra Regina Rockefeller. No caso, o verbo “contrair” teve uma conotação mais ampla. Acometida por uma terrível conjuntivite, a noiva, ao trocar alianças, estava com os olhos rubros, lacrimejantes e remelentos. Este colunista apurou o estrago no day after: padre, noivo, daminha e quarenta e sete convidados foram contaminados.
Prevenida sobre a possibilidade de infecção em massa, Sandrinha incluiu nas lembrancinhas, além do tradicional bem-casado, uma caixa de lenços de papel e um frasco do colírio Moura Brasil. Este colunista apurou o embuste no mimo medicamentoso: era água.
Foram inevitáveis os mexericos na entrada da noiva. Ela trocou a marcha nupcial por How Deep Is Your Love. Não é segredo na cidade que, antes de conhecer Betinho, Sandrinha se relacionou com Johnny Goiabada, integrante da banda Doces Caseiros, cover dos Bee Gees. Este colunista apurou que os dois outros músicos da Doces Caseiros são Frank Abóbora e Bob Marmelada.
Na recepção, a ala de parentes do noivo estava revoltada com o menu escolhido por dona Filomena, mãe de Sandrinha: risoto de frutos do mar. Um motim, liderado pelo primo Frederico, chegou a ser ventilado. O protesto fora motivado por aquilo que eles chamaram de “arroz empapado com sardinha”. O primo Leopoldo fuzilou sarcasmo: “Sandrinha combina com sardinha”. Este colunista apurou que, ao contrário do colírio, o risoto não era engodo. A família Vanderbilt conhece nada de gastronomia e muito de fuxicos.
Dona Agadir, sogra, insurgiu-se contra o vestido da nora: “Indecentemente decotado, vergonhoso”, cochichou para a irmã. “Meu menino não merece essa moça de reputação duvidosa”, ainda lamentou. Este colunista apurou que, de fato, o figurino era um tanto ousado nas fendas e transparências.
Senhoritas casadoiras disputaram no corpo a corpo o tradicional buquê arremessado que, pasmem!, foi agarrado pela ágil - e casada - Gisela Silva Guggenheim. O burburinho correu o salão. Antenor, o marido, aumentou o bas-fond ao bradar carraspanas impublicáveis à ligeira Gigi. Este colunista apurou que o senhor Guggenheim só foi amansado horas depois, entre quatro paredes, pelas peripécias libertinas - e também impublicáveis - da mulher.
Os noivos sonharam com uma lua de mel em Itanhaém. Os planos praianos foram frustrados em razão da baita grana injetada na festa. Cinco dias em Pocinhos do Rio Verde só foram possíveis graças aos caraminguás arrecadados com os picotes da gravata. Este colunista apurou que Betinho padeceu de insucessos eréteis nos dois primeiros dias da viagem. A partir do terceiro, aleluia!, a coisa engrenou, e Sandrinha deu-se por satisfeita com o desempenho do rapaz.
Sigilo da fonte é um princípio basilar para a prática do bom jornalismo. De antemão, este colunista bisbilhoteiro invoca-o.
*O Brand-News não se responsabiliza por artigos assinados por nossos colaboradores