17/12/2024 às 14h13min - Atualizada em 17/12/2024 às 14h13min

O surfista que virou queijo

Lauro A. Bittencourt Borges - cronista gastronômico, viajante compulsivo e membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista
Instagram: @lauroborges
Fabinho “Montezuma” Pimentel e sua mesa bufalina em visita à Fonte Platina

 
Com o espírito untado pela incomparável manteiga Montezuma, apareci nas mídias tempos atrás para exaltar o laticínio encravado na Serra da Paulista, berço de singulares delícias feitas com leite de búfala.
 
Como o povo, na época, ficou amanteigado com a postagem, resolvi contar mais um naco da história desta empresa que, como poucas, é um orgulho sanjoanense, pela inovação e pela excelência dos produtos.
 
Santista de nascimento e de arquibancada, Fábio Pimentel, que já foi pegador de onda, sempre teve uma ligação afetiva com este torrão mantiqueiro e seus arredores. Sua família tinha (ainda tem) uma casa de veraneio em Águas da Prata, que ele frequentava (ainda frequenta) com religiosa assiduidade.
 
Nos tempos de universitário em Pinhal City, entre as turbulências da vida boêmia, ele conquistou o diploma de agrônomo. Formado, encarou uma maratona de atividades agropecuárias: confinamento de gado, horticultura e outros desafios que exigiam muito suor para render pouco dinheiro.
 
Nos anos 1990, com um paladar apurado, Fábio descobriu e se apaixonou pelos queijos de búfala. Na Fazenda Paineiras, comprada pela família em 1995, o leite de umas poucas cabeças bufalinas e o talento culinário da então esposa, Carol, deram origem às primeiras peças de queijo fresco. Inicialmente, eram apenas para consumo doméstico e como presente para amigos.

Com tantos elogios, a necessidade de um negócio promissor e o sucesso das pizzas com mozzarella de búfala, a ideia de uma produção comercial tomou forma. Assim, em 2001, nasceu o Laticínio Artesanal Montezuma, uma pequena fábrica cheia de belas intenções queijeiras e abençoada pela natureza exuberante da Serra da Paulista.
 
Com teimosia e aprimoramento constante, o negócio cresceu. Hoje, os Crepúsculos exportam os produtos Montezuma para mais de trinta cidades. Fábio Pimentel, pasmem!, conquistou até mesmo a cozinha de Rogério Fasano, um dos mais exigentes restaurateurs do Brasil.
 
Desde 2010, o Montezuma opera com modernas máquinas italianas e atende também a comunidade judaica, sendo pioneiro entre os laticínios de búfala no selo kosher - certificação que atesta a observância rigorosa de preceitos israelitas na produção.
 
Fabinho Pimentel, o imparável, cidadão honorário macaúbico desde 2008, é um ex-surfista que largou a prancha para se entranhar nesta província crepuscular, fazer família, empreender e ganhar a vida. Fez tudo isso e continua fazendo os melhores queijos deste solo vulcânico.


 


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