23/10/2024 às 16h32min - Atualizada em 23/10/2024 às 16h32min

Zona Azul ou Zona de Guerra?

Por Odair Camillo - Jornalista
 
 
Mais uma vez, assisto a uma “quebra de braço” entre os operadores da Zona Azul, autoridades e membros da nossa comunidade. Já vi isso outras vezes e me acostumei. A primeira, e a mais importante, teve seu início há mais de quatro décadas quando, como presidente do Lions Clube Urânio, uma entidade filantrópica internacional, propus-me a criar a Guarda Mirim, entidade ligada à Casa do Menor, cuja manutenção viria da renda proveniente da cobrança da Zona Azul em algumas ruas centrais de nossa cidade, sem necessidade de ajuda de verbas públicas, contribuintes mensais e outros possíveis colaboradores.
 
A história dessa luta foi contada recentemente em meu livro “Resgate de um Sonho” (foto), com a finalidade de informar aqueles que não viveram aquela época, tomar conhecimento do que havia realmente acontecido. Fiquei oito anos na presidência e ainda consegui da FEPASA uma área de 1.423,70m2 da Estação Ferroviária para nela construir sua sede e o Centro de Informações Turísticas. Esta, a Prefeitura ainda não cumpriu o convênio firmado. E mais uma nova batalha surgiu recentemente. Uma macro construtora, uma das maiores da cidade, está se achando no direito de ampliar suas extensas propriedades, imaginando apossar-se da antiga sede da GM na rua Junqueiras. É só isso que estava faltando...


A entidade sobreviveu durante 45 anos, preparando mais de 15 mil menores desassistidos que, ao final, tornaram-se pessoas dignas e respeitáveis em nossa Poços de Caldas. Não quero entrar em detalhes mas, na época, como também acontece agora, algumas pessoas e até um conhecido “professor” que nunca dirigiu e nem tem carro próprio se manifestaram contra a cobrança. Na época, comerciantes estavam acostumados a estacionar seus veículos defronte seu estabelecimento desde as primeiras horas da manhã até o final da tarde, sem serem cobrados pelo estacionamento.

E foi quando parte da imprensa da cidade, liderada por jornalistas oportunistas e de pouca credibilidade, juntaram-se ao então presidente da ACIA, e com o apoio do presidente do Sindicato de Hotéis, dono de um estabelecimento na rua São Paulo, alegaram a inconstitucionalidade da cobrança e de ser prejudicial aos turistas, e entraram na justiça com um Mandado de Segurança visando acabar com a entidade.
 
Essa aberração e ignorância não foi acatada pelo M.M. Juiz da época, e a atividade da guardinha continuou, até quando resolvi não continuar com a cobrança da Zona Azul, mas preparar meninos e meninas carentes, com a ajuda da Profa. Maria Aparecida Bonifácio e da psicóloga Dra. Sebastiana Diogo de Almeida, introduzindo-os no mercado de trabalho.
 
Anos mais tarde, a própria Associação Comercial se interessou em explorar a Zona Azul, e sem o apoio policial, acabou encerrando a cobrança meses depois, acumulando um grande prejuízo.
 
Após tantas reclamações contra a operadora dos serviços EXP Parking e aproximadamente 70 requerimentos pedindo providências, no último dia 15 a Câmara de Poços aprovou um projeto sustando o contrato celebrado entre a prefeitura local e a empresa. A proposta foi liderada pelo vereador Flávio Togni de Lima e Silva (Flavinho), sendo que o Executivo terá o poder de decidir sobre o encerramento, retomada, aplicação de sansões e outras questões.
 
Realmente, a empresa tornou-se mais interessada em multar os usuários do que prestar um bom serviço. Tomou conta de ruas e implantou vagas longe do centro comercial, deixando nada de opção para os próprios moradores. Falta marcação nas vias, fiscais, problemas no aplicativo, além de cobranças indevidas. A grande maioria dos parquímetros encontra-se inoperante ou sem condições de uso, e os pobres funcionários encarregados da cobrança, andam de um lado a outro com um celular na mão, emitindo suas multas.
 
Para completar essa ganância pelo faturamento, já está circulando há alguns meses pelas ruas um automóvel totalmente tecnológico, equipado com múltiplas câmeras filmando os carros que não estejam com o cartão. Acredito que hoje, todos nós que possuímos um veículo, já pagamos alguma multa, ou que em nosso aplicativo de zona azul, já estejamos pendurados em alguma dívida, que não fizemos.
 
Minha solidariedade àqueles 12 vereadores que aprovaram a suspensão das atividades dessa empresa. E que ela só volte a operar, cumprindo todos os requisitos para o qual foi contratada.
MAIS AINDA: que parte de seu faturamento seja distribuído proporcionalmente às entidades filantrópicas dedicadas ao menor carente de Poços de Caldas. Vocês já imaginaram o tamanho da ajuda financeira que a Guardinha Mirim teria proporcionado em 45 anos às outras entidades se não houvesse a vergonhosa atitude dos dois hoteleiros?
 
Aqueles que trabalharam contra a GM, jornalistas inescrupulosos e as duas personalidades da área turística, não mereceram ter seus nomes revelados aqui, neste texto. Encontram-se bem definidos nos recortes de jornais publicados na época, guardados nos arquivos da entidade, para quem quiser saber.  
 
Zona Azul é uma fonte inesgotável de dinheiro. E muito dinheiro. “Sou testemunha ocular dessa história...”
 
 

 Fotos: Brand-News
 
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