31/07/2024 às 14h52min - Atualizada em 31/07/2024 às 14h52min

De repente fiquei velho e sem ela...

Por Odair Camillo - Jornalista
A família reunida para a foto, em novembro de 2018: Lurdinha e Odair com os filhos Marcelo, Cláudia, Kátia e Flávio - Foto: Marcelo Tercetti

 
Acordo assustado, e meus pensamentos flutuam no ar, perplexo por ainda me dar conta que estou vivo. Com algum esforço, recorro às minhas boas lembranças nestes 86 anos de existência. Ainda tenho força para levantar-me, com o auxílio das aulas de musculação da academia do Lucas. E devo enfrentar a vida que foi-me destinada.
 
Sigo a mesma trajetória de anos passados. Embora sinta muita falta de minha companheira de 60 anos compartilhados. O café matinal que preparo há muitos anos, continua da mesma forma. A mesa é posta, mas somente para mim. Ela não me fará companhia... A louça suja é deixada na pia. Mais tarde cuidarei dela.
Agora, separo meus remédios. Três deles de uma só golada. Os outros três ficam para a noite. Não vejo a hora de libertar-me deles e descobrir tudo que há no universo. Neste mundo, já desvendei quase tudo. E começo a crer que, além desta Terra, não há mais nada!

Ando de um lado para outro, sem saber o que fazer. Abro o celular e, tanto no Face como no Insta, minha foto, e uma bela mensagem acompanhada da inigualável interpretação de Sinatra, “My way”, que adoro. Isto é obra de minha querida filha Cláudia, que na vida abdicou de ter filhos, para cuidar de mim na minha velhice, certamente. Vou para o WhatsApp, e o caçula Marcelo convidando-me para almoçar com ele.
 
A porta da cozinha é aberta, e o Flávio entra, silenciosamente como sempre, e envolve-me num apertado e carinhoso abraço. “Feliz aniversário, meu velho!”. A Kátia, que mora em Pouso Alegre, ontem à noite antecipou-se, e telefonou-me, carinhosamente.
 
Realmente, tudo isso, parece ter contribuído para dar um up em minha vida. E o mais importante deve acontecer hoje à noite, num dos restaurantes da cidade, quando toda família deverá se confraternizar comigo num jantar, certamente servido com uma saborosa pizza, regada a um bom vinho.
 
E já estou pensando o que acontecerá na comemoração de meu centésimo aniversário...

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Comentários »
  • Maria Cecilia escreveu:
    31/07/2024 às 19h36min

    Linda história! Um exemplo de vida.

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