27/08/2024 às 16h04min - Atualizada em 27/08/2024 às 16h04min

Habaneras 2

Lauro A. Bittencourt Borges - cronista gastronômico, viajante compulsivo e membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista
Instagram: @lauroborges

 
Na primeira parte da crônica sobre Havana, falei sobre o povo, os charutos, a hospedagem e o comércio. Acesse o link e confira (https://brandnews.com.br/noticia/14746/habaneras).
 
Los coches - O táxi em Havana, ou melhor, os táxis
Os carros mais novos de cor amarela que fazem ponto nas cercanias dos hotéis podem ser os mais seguros, mas além das corridas caras certamente são os mais sem graça.
Ladas russos e outras bugigangas motorizadas dos anos 1970/80 vindas do leste europeu também buscam turistas nas ruas. A maioria destes está em condições precárias. Circulam, ainda, graças às gambiarras.
Num deles, assustadoramente desintegrando-se, o taxista bota mais emoção na viagem dirigindo com apenas uma mão no volante. A outra, funcionando como um prendedor, supre a ausência de fechadura e mantém a porta fechada.
 
Bacanas mesmo são os lindos veículos americanos da década de 1950. Chevys, Pontiacs, Buicks, Plymouths, Oldsmobiles, Bel-Airs… Vários e vários, conservados/restaurados, são pura poesia rodando às margens do Malecón e entre os prédios antigos de Habana Vieja.
 
Numa noite de calor infernal, tomei um Bel-Air em Vedado. A delícia foi descobrir que o chofer adaptou no seu automóvel o ar-condicionado mais poderoso do planeta. Pela temperatura, um norueguês se sentiria em casa e, pela potência, o vento gelado alcança fácil o sul da Flórida.
 
Outra nota: gostem ou não os clientes, a música alta está em 100% dos táxis em Havana. Ouvi de hip-hop local até pop-rock norte-americano. No talo!

 
Tukola - Coca socialista
Algum burocrata da ditadura castrista decidiu, em algum momento, que a ilha carecia da sua própria versão de um dos maiores símbolos do capitalismo.
Criaram a variante socialista da Coca-Cola: a Tukola. Ruim de doer!
E eles ainda têm a pachorra de vilipendiar com isso o belo drink que é a cuba libre. O horror! O horror!
 
Nota: sim, há Coca-Cola em Cuba. Nos bons hotéis, em alguns restaurantes não estatais e no aeroporto de Havana.
 

 
Las chicas - Costumes
No desembarque em Havana surpreendi-me com as diminutas saias das jovens funcionárias da imigração. Meias-calças insinuantes também compunham o look das moças que, para nossos padrões, destoam num ambiente de trabalho.
Batendo pernas nas ruas e observando o uniforme normalista-nelsonrodrigueano das estudantes cubanas compreendi o traço cultural do como vestir-se na ilha.
Garotos cubanos devem ter uma enorme capacidade de concentração nas aulas.

 
O rango
Minha experiência gastronômica em Havana foi um tanto repetitiva, quase um monocardápio. Mas por uma boa causa. Uma ótima causa que responde pelo irresistível nome de lagosta. Era bater o olho nas cartas, checar o preço e sucumbir à sedução. Come-se generosos e deliciosos pratos de lagosta por, no máximo, 40 reais. Em alguns restaurantes esse valor cobre o repasto de dois lauros famintos.
 
Num paladar** da rua Obispo, em Habana Vieja, comi a melhor: ao molho de tomate bem condimentado com pimenta e especiarias. Ela, a lagosta, simplesmente grelhada com alho é uma escolha difícil de errar na capital cubana.
 
Estando em Cuba, procure os paladares e, regra geral, evite os restaurantes estatais, nos quais o serviço é uma lástima e a comida inconstante.
 
**paladar é o típico restaurante cubano, particular, cujo nome tem origem numa telenovela da Globo. 


 
 

 
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