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20/05/2024 às 16h25min - Atualizada em 20/05/2024 às 16h25min

Bisbilhotar ou “stalkear”: em que momento a curiosidade se torna tóxica?

FONTE: [email protected] - FOTO: Reprodução Google

 
Que as redes sociais nos aproximaram e facilitaram a comunicação, é uma realidade. Por outro lado, esse avanço tecnológico também vem trazendo situações desconfortáveis para os usuários, uma vez que interfere no tipo de comportamento social das pessoas.
 
Por exemplo, o famoso “stalkeamento” na vida do outro virou uma tendência diante de tamanha exposição. Bisbilhotar tornou-se incrivelmente fácil. As redes sociais - e a enorme vitrine que elas oferecem - permitem o completo anonimato enquanto se "vasculha" a vida do outro, seus relacionamentos, os lugares que frequenta, seu padrão de vida e, até mesmo, seus hábitos alimentares. E quando essa “curiosidade” se torna tóxica? O stalkear da vida alheia faz mal para nossa saúde mental?
 
Vamos entender melhor essa dinâmica. Muitos vão justificar esse tipo de comportamento como sendo apenas uma situação comum, por pura curiosidade. Mas até onde essa curiosidade intensa faz bem para quem está bisbilhotando ou para quem está sendo bisbilhotado?
 
A grande verdade é que, ao percorrer as vidas alheias online, podemos nos deparar com comparações prejudiciais, sensação de inferioridade e até mesmo elevação da ansiedade. O que poderia ser uma simples "atualização sobre as novidades" pode se transformar em um ciclo de autocrítica e insatisfação. Isso se torna ainda pior quando envolve comportamentos compulsivos, como o "stalking", que significa "caçar" ou "perseguir" alguém - inclusive no mundo online.
 
Acompanhar pelas redes alguém que se admira é normal, desde que seja feito com bom senso e a uma distância respeitosa, sem invadir o espaço do outro. No entanto, a linha entre "curiosidade saudável" e "invasão de privacidade" é sutil - e por este motivo, é vital refletirmos sobre os impactos emocionais desse hábito. O equilíbrio no uso das redes sociais requer autoconsciência e o aprendizado sobre como usá-las de forma consciente e construtiva.
 
O desafio de questionar nossos hábitos online, promove uma cultura de respeito e empatia, sobretudo com nós mesmos, além de auxiliar no reconhecimento do motivo de se estar vasculhando a vida do outro em detrimento de um cuidado e atenção com nossa própria vida.
 
É essencial reconhecer quando esse comportamento se torna prejudicial para a saúde emocional. É necessário se livrar dos medos, das comparações e do sentimento de inferioridade para romper com possíveis padrões familiares de limitação e assim encontrar a cura para um comportamento desvirtuado.
 
Enfim, o primeiro passo para se livrar da necessidade de “bisbilhotar” a vida alheia e reconhecer que se está fazendo isso e identificar porque está fazendo. Se essa ação causa desconforto, faz mal, evitar buscar o que incomoda já é uma ação de autocuidado.
 
Caso não consiga admitir sozinho e se livrar dessas atitudes disfuncionais, a ajuda de um profissional de saúde mental será fundamental. Pois, através de ferramentas psicoterápicas específicas, ele oferecerá um espaço para a construção de limites saudáveis, a partir da compreensão das motivações ligadas ao impulso de stalkear com foco excessivo no outro.
 
Compreender que o foco deve ser no cultivo de uma relação mais saudável com o seu tempo e suas emoções, é libertador e ajudará na busca pelo equilíbrio emocional necessário, na navegação dentro das redes sociais.
 
Por Dra. Andréa Ladislau - Psicanalista
Instagram: @dra.andrealadislau
 
Andrea Ladislau é doutora em Psicanalise Contemporânea, Neuropsicóloga. Graduada em Letras - Português/ Inglês, Pós graduada em Psicopedagogia e Inclusão Digital, Administração de Empresas Administração Hospitalar. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos.
Na pandemia, criou no WhatsApp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.



 

 
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