c Como já dissemos em outra matéria desta coluna, ‘café não é tudo igual’ - não apenas em qualidade, mas em aromas e sabores, em função das suas origens, mais precisamente das espécies de plantas da qual derivam. Segundo a ICO - International Coffee Organization, o café pertence à família botânica Rubiaceae, do gênero Coffea, que apresenta centenas de espécies. Porém, as mais importantes, economicamente falando, e popularmente mais conhecidas, são: Coffea Arábica (café arábica) e Coffea Canephora (café canéfora).
O café arábica surgiu nas montanhas da Etiópia e ganhou o mundo via comerciantes árabes e, portanto, assim batizado pelos europeus. Enquanto o café canéfora nasceu nas florestas do Congo. Por apresentar aromas e sabores diversos, tem se apresentado por muito tempo, como uma bebida mais palatável que a espécie canéfora.
Apesar de serem originários da mesma família botânica, as espécies se distinguem da planta à xícara. As plantas da arábica apresentam-se com um único caule, possuem porte médio e folhas de coloração verde-escura. Seus frutos são ovalados, os grãos maiores e achatados. Com uma gama de variedades - catuaí, bourbon, arara, icatú, mundo novo, etc. -, esse tipo de café é cultivado em altitudes acima de 600 metros, com temperaturas entre 18 e 23 graus. Na xícara, notas sensoriais de floral, especiarias, frutas e castanhas, uma bebida suave e mais doce.
Os pés de canéfora, cujas variedades mais conhecidas são conilon e robusta, apresentam uma planta multicaule, de maior porte, e característica ramificada e arbustiva. Suas folhas são grandes e verde-claras. Os grãos são ovalados, e os frutos arredondados. As plantações de canéfora encontram-se em terrenos de até 800 metros de altitude e com temperaturas mais altas - 23 a 26 graus. O resultado é uma bebida mais encorpada, com grãos de sabores rústicos, lembrando terra. Possui uma quantidade menor de sacarose, entre 1,3 a 4,9%, ao ser comparado ao arábica, com 6,25 a 8,3%, interferindo também no sabor. Outro detalhe que chama a atenção entre as xícaras é o teor de cafeína, muito mais concentrado na espécie canéfora (2,7% contra 1,5% na arábica).
Entretanto, a canéfora - que também é chamada de robusta como espécie, diferente de robusta variedade, vem ganhando espaço no mercado de cafés especiais, inclusive em concursos exclusivos para a espécie, sobretudo no Brasil. Em 2021, Rondônia recebeu a primeira Indicação Geografia (IG) do tipo Denominação de Origem (DO): Matas de Rondônia para Robustas Amazônicos de café canéfora (robusta e conilon) sustentável do mundo. Tal indicação, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, reconhece e valoriza os cafés especiais desta região e traz nova oportunidade para a agricultura familiar na Amazônia.
Café não é tudo igual e, portanto, não é possível fazer comparações de valor entre arábica e canéfora, afinal são bebidas distintas que nos convidam a ampliar nossa experiência sensorial.
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