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06/09/2023 às 15h41min - Atualizada em 06/09/2023 às 15h41min

7 de Setembro e a construção da memória nacional

FONTE: Imprensa Mackenzie - [email protected] - FOTO: Reprodução Google
Obra “Independência ou Morte”, de Pedro Américo
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Nas semanas que antecedem as comemorações do 7 de Setembro, vemos a ansiedade de muitos com a possibilidade de descanso, com o feriado que se aproxima. É importante, no entanto, manter vivas as reflexões sobre os significados das datas comemorativas, sobre a sua relevância para a história política do país e analisar as simbologias existentes no entorno de tais celebrações.
 
Dessa forma, refletir sobre o processo histórico que leva o Brasil à independência não é analisar o passado, é questionar o passado com vistas à criação de um presente mais justo e no qual os brasileiros possam exercer de maneira plena a sua cidadania. Para tanto, o conhecimento da própria história é fundamental porque permite a desconstrução de sensos comuns, viabiliza um olhar atento e crítico sobre os eventos que nos atingem cotidianamente.
 
Nessa perspectiva, quais os significados da independência brasileira, que completou seu segundo centenário em 2022? Quais sujeitos e outros eventos históricos foram determinantes no contexto da separação oficial entre Portugal e Brasil?
 
Para que a complexidade da emancipação brasileira possa ser analisada, é preciso reconhecê-la como parte de um processo mais amplo de luta pela independência, o qual havia tomado o continente americano. Dito de outra forma, o Brasil não foi o primeiro país a se tornar independente na América. Na realidade, a independência da América Inglesa (dos EUA), a independência da América Espanhola, que deu origem a diferentes países republicanos, e a Revolução Haitiana incrementavam as críticas à manutenção da dominação colonial empreendida por Portugal.
 
As independências das 13 colônias (EUA) e das repúblicas que nasceram com o fim da dominação espanhola serviam de modelo para que as elites coloniais brasileiras buscassem a emancipação em relação a Portugal. A conquista da independência empreendida por escravos no Haiti, por sua vez, amedrontava tais elites diante do perigo de o processo revolucionário ser conduzido pelos escravos do país, o que prejudicaria amplamente seus interesses econômicos.
 
Além da disseminação das ideias iluministas, as pressões das cortes portuguesas também foram importantes. Depois da instalação da Família Real Portuguesa no Brasil e da assinatura do Tratado de Abertura dos Portos às Nações Amigas, que significava, na prática, que o Brasil poderia comercializar com as demais nações sem interferência portuguesa. O fim do monopólio comercial da metrópole deixou os comerciantes portugueses extremamente contrariados, daí os protestos realizados e o interesse em manter o Brasil como uma colônia portuguesa.
 
A instalação da Corte Portuguesa no Brasil não eliminou as insatisfações com aqueles que representavam a Coroa. Os privilégios concedidos aos portugueses que viviam no Brasil, o aumento de impostos para a financiamento das despesas da corte instalada no Rio de Janeiro e os descontentamentos com as desigualdades regionais fizeram estourar em 1817 a chamada Revolução Pernambucana, que fora derrotada pela forte repressão utilizada pelas tropas portuguesas.
 
A declaração da independência realizada no dia 7 de setembro de 1822 resulta, portanto, da conjunção de diferentes fatores e interesses. Ao proferir o chamado “Grito do Ipiranga”, D. Pedro declarava o Brasil independente. A nação que começou se constituir a partir de então, passou a ter a monarquia como forma de governo, monarquia esta governada por D. Pedro I, coroado imperador em dezembro do mesmo ano.
 
Marcada pela simbologia da obra “Independência ou Morte”, de Pedro Américo, e pelos desfiles cívicos e comemorações oficiais que ostentam os símbolos nacionais e alimentam o sentimento de pertencimento da população brasileira, as comemorações da independência têm fomentado amplas reflexões sobre o presente e o passado.
 
A memória nacional em torno da independência brasileira tem sido atualizada. A desconstrução da interpretação de que um ato individual teria levado à emancipação brasileira, no entanto, não faz da nossa história menos importante e simbólica. Ela só evidencia a importância de continuarmos a analisar o passado nacional com vistas às discussões sobre cidadania, participação popular, e em busca de um futuro melhor. Diante disso, aproveite o feriado com a certeza de que as aulas de História nunca foram tão importantes.

 
Por Érica Alves Cavalcante - Historiadora, geógrafa, mestranda em educação e professora do Ensino Fundamental II no Colégio Presbiteriano Mackenzie - São Paulo

 


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