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16/06/2023 às 16h07min - Atualizada em 16/06/2023 às 16h07min

O vinho da Borgonha, vai ficar para a próxima viagem

Por Odair Camillo - Jornalista
Foto: Brand-News
Centro de Dijon, cidade francesa conhecida pela excelência do vinho Romanée-Conti
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Certamente não foram a famosa mostarda, o Crème de Cassis e nem o vinho Romanée-Conti que me atraíram a visitar a cidade francesa de Dijon. Pouco ou nada sabia de sua história, seu passado rico em cultura e arte. Na verdade, eu e Lurdinha havíamos deixado Lausanne e estávamos a caminho de Paris.
 
Viajando num TGV e apreciando a paisagem, ao olhar para o painel eletrônico do trem vi que a próxima parada seria Dijon. Lembrei-me que recentemente havia degustado na casa de um amigo uma taça do Romanée-Conti, famosíssimo vinho produzido naquela região da Borgonha, e que era o preferido de Lula e de José Dirceu. Quem sabe eu poderia comprar uma garrafa, a um preço especial?
 
Não tive dúvidas. Disse à minha esposa que poderíamos descer ali e, mais tarde, seguiríamos viagem. Já em Dijon, entramos na Galerias Lafayette à procura do vinho, mas fomos informados que, possivelmente, iríamos encontrá-lo numa loja especializada em grandes vinhos, perto dali. Minutos depois adentrávamos à loja, muito parecida com a Mercearia Lider, de meu amigo Jair Silva.
Olhei de um lado para outro, de cima para baixo, e não vi nada parecido com o tal de Romanée-Conti. Nem mesmo um painel, uma propaganda para que me orientasse quanto ao valor. E muito menos qualquer informação que indicasse algum tipo de “promoção”. Não gostei! Mas como estava ali, não custava nada perguntar se ele tinha o vinho, e qual seria o preço.
 
Respondeu-me que não tinha no momento, mas que poderia buscá-lo no depósito. Eu o interrompi, dizendo: “Não se preocupe. Voltaremos amanhã, já que ficaremos na cidade mais alguns dias. Mas eu gostaria de saber quanto custa a garrafa. E ele passou-me a lista de preços, informando que o Romanée-Conti só era vendido num pacote que incluía outras 11 garrafas de vinhos Grand Cru, e que ele sozinho, em algumas ocasiões, poderia custar até 4 mil euros.
 
Eu tinha conhecimento, através de meus amigos sommeliers, que ele era um dos mais caros do mundo, porque a sua produção anual não passava de 5 mil garrafas, havendo uma lista de espera para recebê-lo, e degustá-lo.
Agradeci sua atenção e prometi pensar sobre o assunto, e que possivelmente voltaria no dia seguinte.
 
Saímos dali e voltamos à Galerias Lafayette, no setor de vinhos, e acabamos comprando uma garrafa do Mercurey Domaine Faiveley, de uvas Pinot Noir, e um Bourgogne Rouge. Quanto ao Romanée-Conti, talvez eu volte a experimentá-lo na próxima vez que visitar meu amigo sommelier de Poços de Caldas...
 
Setembro 1997

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