Creio que já escrevi alguma coisa sobre a minha nova atividade, após ter completado 85 anos de existência, aposentado e viúvo. Mas é sempre bom dar conselhos àqueles que estão próximos a essa faixa etária, e que têm ainda muita coisa boa a fazer nesta vida.
Quase que diariamente, por volta das 9h, costumo caminhar sob as pérgulas e alamedas do Parque José Affonso Junqueira, de Poços de Caldas, resgatando lembranças vividas naquele local maravilhoso com minha saudosa esposa e filhos, quando ainda eram crianças.
Caminho devagar para apreciar sua beleza. Após passar pelo Café Concerto em direção à fonte onde delicio-me com sua água cristalina, sigo em direção ao Coreto e ali, recordo com saudade do Maestro Azevedo e sua famosa banda. Só então, dirijo-me ao encontro dos velhos e bons amigos sentados nos bancos frontais da Praça Pedro Sanches. Quase sempre estão ali o Peracchi, o Ceccato, o Josimar, meu cunhado Vicente, entre outros, como o Garcia, o Luiz Português, o Flory e até o Geraldo Thadeu.
Mais recentemente, o empresário Onivaldo Horne Ferreira, do Grupo Curimbaba e hoje aposentado, acompanhado de seu “segurança” Dalton, também se faz presente, e descobriu como eu, o prazer de estar naquele lugar, onde temos a oportunidade de rever e conversar com pessoas que ficaram por muitos anos ausentes de nossa vida.
E pela nossa antiga amizade, ele procura sentar-se a meu lado, onde passamos a nos lembrar de um passado distante quando participávamos de eventos sociais promovidos por Lurdinha, para sua coluna social no Brand-News.
Dia destes recebemos a visita de dois grandes amigos: o Carvão, que atualmente está residindo em Campinas, e num papo saudável, relembramos nossos encontros matinais para o café das sextas-feiras na reunião da “Santa Ceia”.
Pouco depois, sentou-se também a nosso lado o Níveo Paula Mouta, criador e administrador do grupo “Antiga Paranapiacaba” no Facebook, que havia me emprestado uma das melhores publicações sobre a história de nossa cidade natal. Em troca, autografei meu livro autobiográfico “O Menino de Paranapiacaba”, ainda incompleto, e que será lançado em breve.
E como conterrâneos e grandes saudosistas, falamos sobre a nossa querida vila inglesa, cujo nome é um termo tupi-guarani que significa "lugar de onde se avista o mar". Uma cidade ferroviária construída pelos ingleses na Serra do Mar para abrigar engenheiros e operários durante a construção do funicular da São Paulo Railway, que passou a ligar o planalto com o litoral santista.
Paranapiacaba é hoje uma famosa atração turística e pertence à cidade paulista de Santo André, no Grande ABC.
E quando já me preparava para ir embora, surge o Ricardo que, parece estar gostando de participar do grupo, mas vive noutra época. Bem mais novo, fica ali com a gente, mas pouco consegue enturmar-se. E dá-me vontade de dizer-lhe: “Amigo, só os idosos têm história pra contar...”