10/05/2023 às 15h44min - Atualizada em 10/05/2023 às 15h44min
“Eu sou, eu sou é homem...e como sou!”
Por Odair Camillo - Jornalista
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Foi só anunciar na minha última crônica que o escritório de minha loja onde trabalho está ornamentado com pôsteres eróticos da Sônia Braga, e os meus negócios aumentaram sensivelmente. O faturamento está tão alto que já estou pensando seriamente em ir à Copa do Mundo na Colômbia, para vibrar novamente com os Campeões Morais deste ano, principalmente com os novos ídolos Valdir Perez, Serginho e Toninho Cerezo.
Acreditem que vem gente comprar parafuso, material de construção e até remédio em minha loja, coisas que não tem nada com a borracha, produto que me especializei? Além da visita de dois professores - que geralmente nada compram por estarem sempre na pior -, outro dia entrou um sexagenário, amparado por uma bengala, e com a voz trêmula perguntou: “É aqui que tem Gabriela na parede?” Pego de surpresa, respondi: “Ah, sim, é logo ali, pode olhar à vontade!”.
Depois de alguns instantes de contemplação, o velhinho disse, suspirando: “Agora me dá uma borrachinha para colocar na minha bengala”. Fui até a prateleira, peguei duas e as entreguei, sem nada cobrar-lhe.
“Oh, muito obrigado”, disse, “mas vou levar uma só. Semana que vem eu volto, e levo mais uma”, saindo devagarinho.
Bem, mas o que realmente quero contar é que fui convidado a participar como jurado para escolha do “Mais Belo de 1982”. Não que seja entendido no assunto, pelo amor de Deus, mas aconteceu que a cronista titular do Brand-News teve que viajar e deixou a bomba para mim.
Sem outra alternativa, parti para a espinhosa missão. Chegando ao evento, tive a felicidade ao saber que não seria o único homem a participar do júri. Ainda bem! Iniciado o desfile, entre os 14 dos 27 inscritos que tiveram a ousadia de comparecer, havia até alguns capazes de competir em porte e elegância com o ator espaghetiano Marcelo Mastroiani. Outros, modéstia à parte, este cronista se convidado fosse e se sujeitasse a um pequeno estágio na clínica do Dr. Ivo Pitanguy, poderia até tirar de letra os demais participantes.
Iniciado o desfile, a todos dei a nota zero, lembrando-me dos versinhos da música de Ney Matogrosso: “Eu sou, eu sou, é homem...”. Ao final, tendo pelo menos uma nota a ser dada, fui criterioso, escolhendo o mais sóbrio e elegante deles. E o resultado não poderia ser outro. O “mais belo” não foi o que escolhi, dando uma prova inequívoca que eu realmente não entendo de homem. Graças a Deus!
Julho 1982