Brand-News Publicidade 1200x90
Brand-News Publicidade 728x90
16/12/2022 às 15h36min - Atualizada em 16/12/2022 às 15h36min

Bate bate, coração!

Por Odair Camillo
Do alto da escadaria frontal da Capela de São Domingos, sentindo no corpo um leve tremor de frio, embora os tímidos raios solares desta manhã de maio já tenham surgido, observo sua chegada num carro dirigido pelo irmão.
O veículo estaciona defronte ao portão principal e a Kátia, minha filha, desce cuidadosamente, orientada por uma senhora que prepara-lhe para as primeiras fotos nupciais. Em seguida, muito linda, sobe a escada lateral da igreja e coloca-se a meu lado, junto à porta anterior que até então permanece fechada.
 
Sua aparência é de tranquilidade, facilmente perceptível em suas atitudes firmes e nas perguntas objetivas. Sua única preocupação é com a presença dos padrinhos de Campinas, que até aquele momento ainda não se encontravam no altar, junto aos demais.
Sou solicitado a comparecer à sacristia. Deixo-a por alguns instantes, atravesso a igreja pelo corredor lateral, converso com o padre celebrante, volto pelo mesmo caminho e coloco-me à direita da noiva.
 
Olho no relógio. Poucos minutos são passados das onze horas. Momentos de expectativa e de ansiedade antecedem esse grande momento.
A estilista, mais uma vez dá-lhe os últimos retoques. Um senhor chega até nós e comunica que está tudo pronto. Ele próprio se encarrega de abrir a porta.
 
Nesse instante, um som melodioso vindo de um órgão e de uma flauta chega até meus ouvidos. Não consigo distinguir a música, muito menos enxergar as pessoas, parentes e amigos que prestigiam o acontecimento, tomando literalmente todas as dependências da bonita capela.
 
Damos os primeiros passos, lentos e cautelosos em direção ao altar. Um sem número de pensamentos povoam minha mente. A criança que vi nascer, a garota meiga e inteligente que vi crescer, a menina-moça que viveu sua adolescência cursando a Faculdade em outra cidade, muitas vezes carente do aconchego familiar, entregava-se agora, de corpo e alma, a uma nova vida, para constituir uma nova família.
 
O corredor central da capela, com pouco mais de 20 metros de comprimento, parece não ter fim. O “velho coração” começa a disparar dentro do peito como jamais havia acontecido. Os olhos, embora abertos, nada enxergam. Fotógrafo e cinegrafista projetam sobre nós as fortes luzes de suas máquinas, procurando captar as imagens e sons daquele momento. A emoção cresce a cada passo. Os olhos turvam-se mais uma vez e as lágrimas ameaçam rolar sobre meu rosto, sendo contidas a muito custo, e ocultas, talvez, sob meus óculos.
 
Mais alguns passos e, finalmente chegamos próximo ao altar. Um beijo de despedida como solteira e um abraço carinhoso do noivo encerram minha participação nesse ato solene.
 
Agora os dois, de braços dados, dirigem-se ao altar, ao mesmo tempo que assumo meu posto ao lado de Lurdinha, minha esposa.
Uma nova sensação, menos tensa, de prazer e felicidade, envolve-me completamente ao contemplar o jovem casal diante do Ministro de Deus, Monsenhor Carlos Henrique Neto
Novas lágrimas de alegria insistem em aflorar de meus olhos, mais uma vez.
E com muita razão. Afinal, acabo de ganhar mais um filho...
                                                               
Junho 1986 - Do livro em preparação “Eu, pecador me confesso... inocente”

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://brandnews.com.br/.